A economia brasileira caiu na armadilha social-democrata do baixo crescimento. A explicação é simples: somos prisioneiros de nossas próprias crenças. “Um requisito básico para escapar do baixo desempenho econômico é o claro entendimento de que se origina de instituições deficientes, que por sua vez resultam de crenças e percepções inadequadas para a nova realidade.
As instituições moldadas por crenças passadas estreitam as opções presentes, resultando num processo de desintegração de uma sociedade que não consegue superar a rigidez de suas crenças errôneas, impedindo as necessárias mudanças. A estrutura institucional existente é um poderoso obstáculo às mudanças, pois reage em defesa de interesses adquiridos”, adverte o Prêmio Nobel de Economia Douglass North, em “Compreendendo o processo de mudanças econômicas” (2005).
“Como as instituições afetam nosso desempenho econômico? O que explica a habilidade de algumas sociedades em promover eficientes adaptações institucionais, ajustes flexíveis aos choque de toda natureza por meio de instituições que evoluem para lidar efetivamente com a realidade em transformação?”, pergunta North. Somos vítimas do fechamento cognitivo da social- democracia brasileira ante o desafio econômico da estagflação e o desafio político da corrupção. A hipertrofia e o aparelhamento do Estado deturpam valores morais e práticas políticas. Fabricam escândalos, desmoralizam partidos e derrubam nossa taxa de crescimento.
Instituições obsoletas e estagnação econômica são também o desafio europeu. Décadas de social-democracia produziram a euroesclerose. Sob o véu do euro, a crise europeia reflete uma realidade econômica mais profunda: a ausência de uma dinâmica de crescimento. A euroesclerose resulta da falta de sintonia de uma social-democracia hegemônica com os requisitos da nova ordem global. A armadilha social-democrata, com regimes previdenciários irrealistas, legislações trabalhistas inadequadas e organizações sindicais anacrônicas, tornou inflexíveis os mercados de trabalho, estilhaçando o maior mercado do planeta em imensos bolsões “nacionais” de desemprego. Lá como aqui, a modernização institucional para a integração competitiva nos mercado globais exige substancial revisão de antiquadas crenças políticas.
Fonte: O Globo, 22/07/2013
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