A pedofilia, abuso sexual contra crianças, é dos mais inomináveis crimes praticados contra o indivíduo e contra a civilização. Uma covardia. É o exemplo mais eloquente do embate entre a bestialidade e a capacidade de viver em sociedade que se trava em cada um de nós.
O homem não nasce bom, cordato, livre de impulsos animalescos para saciar vontades instintivas ou degeneradas. A gente precisa se construir um ser razoável.
Há uma grande discussão sobre condicionamentos genéticos que predisporiam um indivíduo a ser algo, mas nada é provado categoricamente nessa área. Sabemos, no entanto, que são os marcos civilizatórios, os interditos (aquilo que não toleramos e devemos reprimir) e os valores acordados pela sociedade que norteiam a construção do comportamento do indivíduo.
Sentimos o horror diante da aberração da pedofilia porque é uma ação que põe em cheque aquilo que sustenta a ideia de humanidade e nos aproxima do abismo da barbárie. Mas é importante saber que essa ação monstruosa é individual.
Torná-la característica de um grupo ou uma prática setorial é incorrer num equívoco igualmente criminoso, intolerante e preconceituoso. Infelizmente, a pedofilia ocorre nas casas, nas igrejas, nas ruas, em todos os lugares onde o processo civilizatório falhou naquele indivíduo.
O ato é responsabilidade primordialmente individual, de quem o praticou. Em vez de satanizar instituições e crenças, devemos exigir transparência, presença da lei dos homens e punição aos criminosos.
Por outro lado, fazer uma associação entre pedofilia e homossexualismo, coisa feita pelo porta-voz da CNBB, depois desautorizado, é abjeto. Revela falta de compreensão e generosidade com a vida e a liberdade individual. Tempos sombrios que abrigam mentes tenebrosas!
(“O Dia”, 09/05/2010)
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