A crise fiscal fluminense derrubou a demanda por espaços alugados pela indústria e por empresas no Rio de Janeiro. A oferta de áreas para escritórios bateu 41% de vacância no primeiro semestre, patamar inédito para o segmento. No Porto, chega a 93% ao se considerar apenas imóveis classe A e A+, segundo dados da Colliers International. No segmento de galpões logísticos, um quarto do inventário total disponível está vazio e o balanço de janeiro a junho é negativo. Ou seja, houve mais espaços devolvidos do que locados.
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— A situação do mercado do Rio é resultado de um conjunto de fatores. Existe a recessão do Brasil, a crise fiscal do estado, a retração da cadeia de óleo e gás, com o encolhimento da Petrobras e de outras companhias do setor. A violência também preocupa. Uma taxa de vacância saudável deveria ser de cerca de 10%. Está muito acima, reduzindo os preços de locação — explica Ricardo Betancourt, presidente da consultoria.
Na área de galpões logísticos — utilizados sobretudo pela indústria — o preço do metro quadrado para locação fechou o semestre em R$ 22 por metro quadrado. Em igual período de 2014, estava a R$ 26,20. A oferta no segmento soma 1,59 milhão de metros quadrados. De janeiro a junho, o saldo líquido foi de 74 mil m² devolvidos a seus proprietários.
— O Rio sempre teve um preço bem mais alto principalmente em razão à geografia da cidade. Atualmente, está equivalente ao valor pedido em São Paulo. Na hora de fechar o contrato, porém, o preço fica em média 20% menor — destaca Betancourt. — Os imóveis mais antigos sofrem mais. A demanda se concentra em espaços mais modernos e, por isso, de operação mais eficiente, como os próximos ao Arco Metropolitano.
VACÂNCIA DE ESCRITÓRIOS ENTRE AS MAIS ALTAS DO MUNDO
Em áreas para espaços corporativos, a vacância pode estar entre as mais altas do mundo, observa o executivo:
— Em São Paulo, a vacância no segmento de espaços comerciais (para escritórios) está em 24%; na América Latina, em 18%. A do Rio já supera os 40%.
A oferta de espaços comerciais é de 1,7 milhão de metros quadrados. Na faixa superior, dos imóveis classe A e A+, o valor médio para locação fechou junho em R$ 106/m², contra R$ 123/m² em igual período de 2014. Já há recuperação, porém, na comparação com o fim de 2016, quando o preço chegou a R$ 103/m². Em áreas como o Porto, a vacância bateu 93% nesse segmento superior. Em imóveis classe B, menos de um terço (30%) estão vazios, com o metro quadrado a R$ 85/mês para o aluguel.
— O Zona Portuária é como uma nova área da cidade. Com a revitalização da região, que avançou em infraestrutura urbana, houve investimento em prédios corporativos. Com a crise, é natural que a vacância esteja alta. A previsão é que, com a retomada da economia, a demanda se aqueça. O próximo leilão de petróleo já deve começar a fazer a economia do Rio reagir — espera Betancourt.
A Tishman Speyer, um das construtoras com projetos na região portuária, vai entregar o Aqwa Corporate em outubro, que entra no escopo classe A e A+. A companhia reconhece que o “momento econômico como um todo e do mercado de imóveis em particular tem impacto mais intenso no Rio de Janeiro”. Mas afirma trabalhar com planejamento de longo prazo, confiante na demanda corporativa de empresas brasileiras e estrangeiras por espaços naquela área. O Port Corporate, concluído pela empresa em dezembro de 2014 na região e onde funciona o escritório da Tishman no Rio, ainda não foi ocupado.
Fonte: “O Globo”
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