No primeiro de junho confirmou-se o que todos vaticinavam: a General Motors se declarou em bancarrota. A televisão nacional mostrou reportagens sobre a gigante que caía, e em nossas ruas seus velhos modelos – de quase cinquenta anos – continuavam rodando. A grande torre prateada que encima a administração dessa firma passou a ser o símbolo da atual crise econômica mundial. Dentro de Cuba, os sinais destes maus tempos são outros: os apagões voltaram, o turismo escasseia e o transporte público sofre um novo corte. As ações financeiras não desmoronam, porque não existem; as empresas escondem sua quebra, pois são estatais e não informam suas finanças aos cidadãos.
Outro conglomerado empresarial desmembrou-se do nosso lado, porém o noticiário nacional evitou mencioná-lo. A poderosa CUBALSE, que tinha entre seus poderes o de empregar os que trabalham em embaixadas e casas de diplomatas, acaba de desaparecer. Até o mais distraído cubano sabe que para ser jardineiro de um embaixador ou administrador de um mercado em moeda estrangeira, deve passar por um potente filtro ideológico e – em certos casos – estimular monetariamente os que selecionam o pessoal. CUBALSE foi pioneira em vender em moeda conversível num país onde a maioria ganha em pesos cubanos. Seus empregados pareciam uma mistura de empresários capitalistas e soldados de um exército comercial.
Num discreto documento detalhou-se o desmembramento da Empresa para Prestação de Serviços a Estrangeiros, cujas partes foram parar em outras instituições. Toda uma estrutura de poderes, fidelidades e interesses pessoais deve ter vindo abaixo quando anunciaram a morte desta “pequena gigante”. Assim o réquiem foi em voz baixa, para que não nos alarmássemos demasiadamente. Não fosse pelo fato de que, ao olhar o desmonte da General Motors, nos ocorra fazer comparações desnecessárias e concluir que isso não ocorre só fora de nossas fronteiras, senão também do nosso lado.
(Publicado em Geração Y)
No Comment! Be the first one.