“Não resta a menor dúvida de que os salários dos servidores públicos estão extremamente elevados”, aponta com preocupação o economista Gil Castello Branco, fundador da Associação Contas Abertas, ao comentar um estudo realizado pela FGV Social que mostrou que sete das dez ocupações com maior ganho no Imposto de Renda estão ligadas ao funcionalismo.
No topo da lista, divulgada nesta semana pelo jornal “O Globo”, aparecem os titulares de cartório, com rendimentos mensais que chegam a R$ 107,6 mil, seguidos pelos membros do Ministério Público e do Judiciário, com renda média que ultrapassa R$ 50 mil. O estudo não considera rendimentos obtidos como pessoa jurídica. Veja a lista:
As 10 profissões com maior rendimento
1º – Titular de cartório: R$ 107,6 mil por mês
2º – Membro do Ministério Público: R$ 53,2 mil por mês
3º – Membro do Poder Judiciário: R$ 52,8 mil por mês
4º – Diplomata R$: 35,3 mil por mês
5º – Advogado do setor público: R$ 29,9 mil por mês
6º – Médico: R$ 29,7 mil por mês (iniciativa privada)
7º – Servidor de carreira do Banco Central: R$ 27,5 mil por mês
8º – Auditor fiscal R$: 27,1 mil por mês
9º – Piloto de aeronave: R$ 24,9 mil por mês (iniciativa privada)
10º – Atleta: R$ 24 mil por mês (iniciativa privada)
Em entrevista ao Imil, Castello Branco reforça que os altos salários pagos ao funcionalismo, especialmente aos servidores federais, além de promoverem a desigualdade, impactam fortemente na economia do país:
“Um estudo do Banco Mundial, de 2017, mostra que o Brasil gasta mais com funcionalismo do que os Estados Unidos, Portugal e França, alcançando 13,1% do PIB em 2015. Este gasto maior não está nem relacionado à elevada quantidade de servidores, mas em função dos altos salários, principalmente no funcionalismo público federal. Esta despesa importante só fica atrás da previdenciária. Se considerarmos as esferas de governo e os três Poderes, temos cerca de 11,5 milhões de servidores, sem contar aqueles em empresas estatais. São dados verdadeiramente alarmantes e que exigem uma providência”, cobra. Ouça a entrevista completa no player abaixo!
Para reverter este quadro, reformas estruturais são necessárias. Além de discutir a estabilidade destes profissionais, Gil Castello Branco cita outras medidas, descritas em relatório produzido durante o último governo de transição. Adiar reajustes previstos, adequar a remuneração de entrada às práticas do mercado, atrelar o aumento do salário ao desempenho e compatibilizar o tempo do exercício no cargo com o de progressão até a aposentadoria são algumas das sugestões.
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“Quase 70% dos servidores públicos federais estão entre os 10% mais ricos da população na distribuição de renda. E 94% estão entre os 40% mais ricos. Esses servidores ganham cerca de 70% a mais do que seus pares na iniciativa privada e seus vencimentos não estão vinculados à melhoria no desempenho”, acrescenta, salientando que é preciso equilibrar os planos de cargos e salários.