“As nações são formadas e se mantém vivas pelo fato de terem um programa para o amanhã”.
(Ortega e Gasset).
Durante algum tempo o slogan propagandístico do governo federal foi “Brasil, pátria educadora”. Peça impulsionada pela promessa dos petrodólares do pré-sal, implementação local da dinâmica da “maldição do petróleo”.
No dia 19/06/2019 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou análise dos dados de sua Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua), com recorte setorial na educação. Os dados e informações apresentados não são nada animadores, pois projetam um futuro próximo em nada diferente do que o presente e o passado recente.
A taxa de escolarização de crianças de 0 a 3 anos está em 34,2%.
No Brasil, na média, 6,77% das pessoas com 15 anos ou mais ainda são analfabetas. Proporção esta que cresce para o negativamente incrível valor de 13,87% no Nordeste brasileiro e cai para 3,63% na região Sul.
Além deste cenário nada animador, está demonstrado empiricamente que em 2018, do total de brasileiros com 25 anos ou mais, 45,7% sequer completaram o ensino médio. Isso mesmo! Quase a metade desta faixa da população.
O que esperar da evolução das rendas individuais e familiares, do desenvolvimento intelectual e econômico de uma sociedade com esta situação? Que tipos de empresas e empregos há e haverá? As distâncias entre a elite de nível superior e a grande massa reduzirá ou aumentará? Os dependentes de bolsas reduzirão significativamente?
Esses dados demonstram que a oportunidade do “bônus demográfico” – período em que sociedades têm um elevado contingente de pessoas em idade ativa e uma razão de dependência relativamente baixa – foi potencialmente perdida em função do fator educação.
A situação real indica que não é momento para brincadeiras, mas de séria reflexão e formulação de alternativas. É urgente a criação de um programa para amanhã baseado no fortalecimento exponencial da educação básica e do ensino profissionalizante. O ensino superior, que possui dinâmica própria nacional e internacionalmente, deveria estar vinculado direta e programaticamente ao setor de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Há alguns anos atrás Nelson Rodrigues afirmara que “subdesenvolvimento não se improvisa”. Isso é totalmente verdadeiro no caso brasileiro, cuja história começa com a negativa das elites políticas estatais de haver, por exemplo, prensas para impressão de livros.
A negação da elaboração de um projeto educacional nacional baseado na colaboração e coordenação de esforços entre governos e iniciativas privadas, entre união, estados e municípios, com foco na educação básica, é a confirmação explícita do acerto de Nelson Rodrigues.