Países com democracias novas, como o Brasil, precisam ter uma mídia forte, que trabalhe com liberdade, sem interferência de governos e num mercado competitivo. A opinião do diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, veio em resposta à pergunta sobre o papel da mídia hoje, feita pela plateia presente no sábado ao encontro internacional da IESE Business School, que reuniu centenas de ex-alunos de várias partes do mundo para uma série de palestras em São Paulo.
“A sociedade precisa de alternativas e, para isso, as empresas precisam ser independentes. Por isso, precisamos cuidar muito de nossas marcas”, disse o executivo, um dos palestrantes de um painel sobre a ligação entre tecnologia, estratégia e modelo de negócios. As novas tecnologias estão levando jornais do mundo todo a mudar o modelo de negócio e, para Mesquita Neto, as empresas de mídia precisam oferecer conteúdo de qualidade, por meio de várias plataformas – jornal impresso, internet, áudio, vídeo e tablet, entre outros.
Em parte, isso já está acontecendo: no Brasil, quatro das cinco maiores audiências de notícias da internet pertencem a grupos tradicionais de mídia. “Estamos captando esse novo público. As novas tecnologias vendem nosso conteúdo.” Entre as estratégias possíveis para os jornais, além do investimento contínuo em tecnologia e conteúdo de qualidade, Mesquita Neto falou também em procurar novos mercados e aprender a trabalhar com as mídias sociais, tanto para distribuir como para receber informação. “Conteúdo com valor será sempre relevante.”
Para Jorge Nóbrega, vice-presidente corporativo das Organizações Globo, não existe mídia antiga ou nova, todas precisam ser integradas. Segundo ele, há dois grandes desafios pela frente: aprender a lucrar com as novas tecnologias e a regulamentação na internet. “Não acho justo que algumas pessoas ganhem dinheiro distribuindo o conteúdo dos outros. Tem aí uma questão de propriedade intelectual.”
Velocidade. Uma das preocupações compartilhadas pelos palestrantes foi o desafio que é acompanhar as mudanças tecnológicas. Santiago Valbuena, CEO do Grupo Telefônica na América Latina, lembrou que, até algum tempo atrás, as operadoras telefônicas iam até as casas, colocavam o cabo no chão e ligavam o telefone. “Depois, cobrávamos por minuto falado. Nosso mundo não é mais assim.”
De acordo com o executivo, no setor de telecomunicações, a tecnologia muda a cada três ou quatro anos e, por isso, há pouco tempo para recuperar os investimentos feitos. “Os usuários querem tudo para hoje, e agora.”
“Velocidade e inovação serão fundamentais para todos”, disse Eduardo Ricotta, vice-presidente da Ericsson na América Latina. Ele deu dois exemplos, em áreas diferentes: mil novos aplicativos para celulares são criados a cada dia, e disse que a morte da cantora americana Whitney Houston, em fevereiro, foi divulgada pelo Twitter 27 minutos antes que a mídia tradicional o fizesse. “Em uma sociedade conectada como a nossa, o usuário tem o poder.”
Fonte: O Estado de S. Paulo
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