Há bastante tempo perdi a paciência com essa gente – os economistas e políticos que fazem questão de se dizerem “desenvolvimentistas”. Perdi mesmo, porque o bom senso ensina que para nos posicionarmos contra ou a favor de alguma coisa, a primeira condição é que conheçamos a coisa. E os “desenvolvimentistas”, meus amigos e (pardon, já ia me esquecendo – minhas amigas, antes que os ideólogos de gênero cismem de pegar no meu pé), não têm a menor ideia do que seja desenvolvimento e nem muito menos de suas causas. Confundem os alhos da expansão artificial da demanda com os bugalhos da expansão da capacidade produtiva. Chego a pensar que, se encontrarmos um desses sujeitos na rua e pedirmos que ele diga, por exemplo, por qual time ele torce e ele responder, por exemplo, que torce pelo Flamengo, ao lhe perguntarmos quais são as cores do rubronegro ele responderá algo como “verde e cinza”… Porque eles são assim, falam, discursam, ditam cátedra, deitam e rolam sobre algo que desconhecem profundamente.
[su_quote]Destruíram os fundamentos. Acabaram com todo o esforço que, ao longo dos anos que se seguiram ao Real, foi capaz de tornar nossa economia mais sólida[/su_quote]
Os cidadãos brasileiros sempre foram vítimas desses sujeitos. Para não recuarmos em demasia no tempo, basta que nos lembremos do que fizeram durante os governos de Sarney e Collor. Com o Plano Real, parecia que essa praga estava debelada, ma che… Conseguimos nos livrar dela (embora parcialmente) durante os dois mandatos de Fernando Henrique e o primeiro do Sr. Inácio, mas, a partir de 2008 – ou seja, na metade do segundo mandato desse último cidadão -, a praga voltou. Sim, amigos, a peste voltou e ganhou força extraordinária a partir do primeiro mandato da “criatura das metas que não existem, mas que devem ser dobradas”…
A tal “Nova Matriz Econômica”, nome aparentemente técnico para a grande lambança perpetrada pelo sr. Mantega e seus assessores, foi um hino ao “desenvolvimentismo”, uma peça musical sem ritmo, harmonia e melodia, ou seja, um grunhido tentando fazer-se passar por música.
Os exterminadores de fundamentos que comandaram nossa economia desde que Mantega passou a ser ministro – e, com maior força, desde que a “criatura das metas” assumiu a presidência -, tentaram compor seu hino com base em cinco sustentáculos, todos mais velhos do que Matusalém e mais ineficazes do que o atual ataque do C.R. Vasco da Gama:
(a) uma política fiscal absurdamente expansionista; (b) Uma expansão artificial (não lastreada em poupança) do crédito, conduzida principalmente pelos bancos estatais; (c) taxas de juros artificialmente baixas, para “estimular” a demanda (e, em suas cabeças ocas de boa teoria econômica, por conseguinte, o “crescimento”); (d) uma política protecionista de fazer inveja aos mercantilistas do século XVIII; e (e) como não poderia deixar de ser, uma taxa de câmbio desvalorizada, para “estimular nossas exportações” (uma vez que, segundo eles, vender é sempre melhor do que comprar)…
Destruíram os fundamentos. Acabaram com todo o esforço que, aos trancos e barrancos, ao longo dos anos que se seguiram ao Real, foi capaz de tornar nossa economia mais sólida, embora ainda presa ao velho vício do intervencionismo.
Um crime, um crime hediondo! Quando um médico comete um erro, o Conselho de Medicina pode processá-lo e cassar seu registro; quando um advogado fere a ética, a OAB também pode impedi-lo de advogar; mas quando um economista do governo pratica políticas que comprometem não apenas uma geração, mas também as futuras (a relação dívida interna/PIB deverá chegar aos 70% em 2016), não só nenhuma punição lhe é imputada, como, muitas vezes, ao sair do governo, é convidado para ser diretor de bancos e grandes empresas. O castigo justo cede lugar ao prêmio descabido.
Dirão alguns que estou exagerando, que as más condições atuais são passageiras, que a partir de 2017 poderemos voltar a crescer, etc. Responderei que não! Não, porque vivemos em um país que adora o Estado e em que, portanto, podemos ter a certeza de que ele continuará intervindo em nossas vidas. Assim, como a Escola Austríaca vem nos ensinando desde os primeiros protoaustríacos, políticas intervencionistas provocam efeitos não desejados, que levam o Estado, para consertá-los, a intervir mais; surgem então mais efeitos indesejados, em intensidade crescente, que conduzirão a mais e mais intervenções, em uma bola de neve que só terá fim quando uma verdadeira economia de mercado for institucionalizada, algo que está fora de cogitações, no mínimo, por mais dez ou quinze anos, na hipótese mais otimista.
Os exterminadores não destruíram apenas os fundamentos, eles eliminaram as esperanças da nossa geração e das dos nossos filhos e netos. É revoltante. Hasta la vista desarrollo!
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