O Banco Mundial acaba de lançar o “Relatório sobre o desenvolvimento mundial de 2012: Igualdade de gênero e desenvolvimento”. É a primeira vez, em 30 anos de produção do documento, que a instituição dedica uma parte do estudo exclusivamente às mulheres, mostrando como as diferenças de gênero impactam no desenvolvimento como um todo.
Para falar sobre o tema e entender como a instituição atua para mudar o quadro de desigualdade entre homens e mulheres, o Imil ouviu a consultora do Banco Mundial, Ana Maria Muñoz Boudet.
Instituto Millenum: Quando a questão de gênero passou a fazer parte das políticas de desenvolvimento do Banco Mundial?
Ana Maria Muñoz Boudet – O Banco trabalha com a igualdade de gênero há mais de 20 anos. O tema ganhou força logo após a publicação, em 2001, do relatório “Engendering development” e a revisão da política operativa do Banco sobre gênero, que datava da década de 1980. Ele se envolveu na relação entre gênero e desenvolvimento por dois motivos. Primeiro porque entende o desenvolvimento como um processo de expansão de liberdades e direitos para todos, homens e mulheres, dentro dos quais a igualdade e a equidade são fundamentais. Segundo, porque a igualdade de gênero é benéfica para o desenvolvimento e faz com que as políticas voltadas para essa área sejam mais “inteligentes”.
Imil: O relatório “Igualdade de gênero e desenvolvimento” é um resumo do documento geral sobre o desenvolvimento mundial em 2012. Quando ele começou a ser produzido? O que motivou sua produção?
Muñoz Boudet – O Relatório Mundial de Desenvolvimento é a publicação mais importante do Banco. Ele é produzido durante 12 meses (de julho a julho). Em mais de 30 anos de existência, ele abordou diferentes temas, mas essa é a primeira vez que se faz sobre gênero. Os motivos da eleição do tema são vários. Em primeiro lugar, porque era importante trabalhar o tema; em segundo lugar, porque a investigação, a importância e as políticas sobre as mulheres evoluíram muito, sendo relevante reportar sua evolução e também o caminho a seguir. Internamente, o Banco estava terminando a implantação do Plano de Ação de Gênero, que tem ênfase na inclusão do gênero nos setores econômicos.
Imil: Como e por que a igualdade de gênero impacta no desenvolvimento?
Muñoz Boudet – O relatório identifica três canais pelos quais a desigualdade impacta no desenvolvimento. Primeiro, porque gera perdas na produtividade ao distribuir de maneira ineficiente talentos e recursos; segundo, porque a desigualdade tem impacto nas seguintes gerações – mães mais educadas têm filhos mais educados e com melhor nutrição, por exemplo; terceiro, porque gera instituições mais representativas e equilibradas.
Imil: Quais são os principais obstáculos a promoção da igualdade econômica e política entre os homens e as mulheres?
Muñoz Boudet – No informe são apontadas quatro esferas em que as disparidades de gênero são mais significativas, tanto intrinsecamente como no que diz respeito aos seus possíveis benefícios em termos de desenvolvimento. Em todas essas esferas se requer medidas de políticas diretas, já que o aumento da renda em si mesmo não contribuirá muito para reduzir as disparidades existentes. As prioridades são:
– Abordar o problema do excesso de mortalidade de meninas e mulheres e eliminar as desvantagens de gênero na educação;
– Atuar sobre as diferenças de acesso a oportunidades econômicas e as conseqüentes disparidades de renda e produtividade entre mulheres e homens;
– Reduzir as diferenças de gênero em relação a ter voz no lar e na sociedade;
– Limitar a repetição das desigualdades de gênero entre as gerações.
Para que sejam eficazes, essas políticas deverão estar orientadas especificamente as causas fundamentais das disparidades de gênero.
Imil: O relatório foi apresentado no último dia 6 de março em Brasília. Qual foi o objetivo? Há algum estudo específico sobre o Brasil?
Muñoz Boudet – Um dos objetivos de produzir o informe é gerar um diálogo sobre os problemas de gênero em cada país. Como parte desse objetivo, publicamos o informe em mais de 40 países, sendo o Brasil um deles. A intenção é colocar a igualdade de gênero como parte do diálogo nacional, mostrar que apesar dos progressos há áreas onde ainda persiste a desigualdade, e propiciar um diálogo entre diferentes atores políticos e a sociedade civil, além do banco, para gerar ações que reduzam a desigualdade.
O fogo é quente ou frio?
Depende do que o grande irmão quer que seja.
Provavelmente, pela filosofia dessa matéria, isso não vai ser publicado. Mas, segue um link para se ouvir e refletir antes de formar a opiniao sobre essa posiçao do Banco MUndial
http://padrepauloricardo.org/?s=marxismo+cultura&x=0&y=0