A longa crise econômica dos últimos anos e o processo de desinvestimento que já vinha desde 2013 acabaram por alijar o Brasil de uma última onda de globalização, que encontra-se adiada, ou represada. Estamos ainda vivendo no padrão de tendência global da década passada. Muitos avanços acabaram por se desviar da agenda em um país com um governo com baixíssima aprovação, nas incertezas de cenário político e maus fundamentos econômicos, especialmente nas finanças públicas.
A retomada da inserção global é um dos caminhos naturais que deve buscar o próximo governo brasileiro.
Ao contrário da expectativa daqueles que se confundiram na expectativa de uma possível emulação do “modelo Trump” também no cenário externo, a tendência é que o Brasil aprofunde o seu processo de globalização, recuperando-se do período de alinhamento alternativo, e do posterior isolamento, e não o contrário. É inevitável a busca da reinserção, e a volta de um papel mais relevante em foros econômicos globais e multilaterais, seja pelo presidente, seja por seus principais ministros.
Essa reinserção dependerá também dos resultados e da consistência da agenda política e econômica, especialmente no primeiro ano, e de uma melhora da imagem externa do novo governo, invertendo expectativas e resistências a partir de uma posição presidencial de moderação e objetividade.
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A aliança dos principais setores econômicos do país com o candidato vencedor das eleições precisa traduzir-se na convergência em torno de uma agenda efetiva, e modernizante: além das reformas internas e a contenção da deterioração das contas públicas, o avanço em agendas como a emergência da bioeconomia, a proximidade de temas como indústria, energia e meio ambiente, e uma condição que permita aos investidores vislumbrar parcerias público-privadas no Brasil com seriedade; a inversão do processo de desindustrialização, através de uma política de competitividade e inserção, e não políticas industriais tradicionais; o cumprimento de vários acordos internacionais.
A saída da crise brasileira passa também por uma retomada do espaço perdido do país no âmbito internacional. Credibilidade e confiança são palavras-chave. E isso se conquista com resultados internos efetivos e articulação externa realista e assertiva.
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