Uma promissora janela de oportunidades ainda pouco explorada pelas grandes empresas. Este é o cenário das favelas dos grandes centros urbanos brasileiros, de acordo com o diagnóstico feito pelo Instituto Locomotiva, que realizou um estudo constatando que as áreas periféricas geram R$ 119 bilhões por ano. Isso é mais do que 20 estados brasileiros e equivalente ao PIB de países como Estônia e Honduras. Em entrevista ao Instituto Millenium, o presidente do ILocomotiva, Renato Meirelles, comentou os principais tópicos.
De acordo com ele, a ausência das grandes empresas fez estimular o empreendedorismo nos moradores das comunidades. “Quando a gente perguntou o maior sonho profissional das pessoas, 35% disseram que é ter um negócio próprio. Isso é mais do que a soma das outras três respostas (“passar em concurso público”, 12%; “conseguir emprego”, 10%; e “ter uma profissão”, 9%). Isso demonstra como, em um ambiente em que a crise é regra, as pessoas vão criando oportunidades – muitas delas inovadoras – para lidar com a situação de necessidade. E esses empreendedores não teriam sucesso se não houvesse demanda”, disse.
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O presidente do Instituto Locomotiva destacou que os pequenos negócios floresceram nas favelas, principalmente, porque há uma percepção generalizada de que a situação de violência inviabilizaria as atividades. Ou seja: a sensação de insegurança, por um lado, tira os serviços das comunidades; e, por outro, impede que as empresas cresçam mais.
No entanto, o grande volume de pequenos negócios mostra que há potencial. “Na favela há um monte de pequenos comércios, uma rede de varejo significativa, além de boas ideias se tornando reais em um mundo de empreendedores que fazem acontecer – como o caso dos moradores que, percebendo o quanto era difícil receber produtos comprados pela Internet, por causa da ausência de endereço formal, resolveram criar uma pequena empresa para realizar as entregas na casa das pessoas”, disse Meirelles.
O presidente do Instituto Locomotiva analisa que é preciso ter outro olhar para as comunidades. “Essa movimentação não é trivial: estamos falando de uma população que tem uma potencialidade econômica gigantesca. O caminho para novos negócios, para mim, passa por um novo olhar sobre essas pessoas”.