Recentemente , o Instituto Millenium falou sobre o chatbot, uma plataforma de inteligência artificial utilizada para simular uma conversa natural com outra pessoa, automizando algumas tarefas simples e repetitivas como responder aos usuários de um canal de comunicação. Porém, os robôs, ou “bots”, também podem ajudar a propagar fake news, spam ou até mesmo ataques pessoais. Foi a partir desse problema que surgiu o Pegabot, um programa utilizado para identificar a probabilidade de determinado perfil ser um robô nas redes sociais. Ouça!
O projeto, desenvolvido em parceria entre o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio) e o Instituto Equidade & Tecnologia (IT&E), funciona no Twitter desde março. Em seus três primeiros dias no ar, o site teve cerca de 200 mil acessos. Em entrevista ao Imil, o coordenador do projeto, Marco Konopacki, conta que um dos motivos que levaram as equipes a criarem a plataforma foi a preocupação com o cenário político eleitoral de 2018. O objetivo é alcançar outras redes sociais ainda este ano:
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“Percebemos as tentativas de grupos organizados de manipular estrategicamente a esfera pública online, prejudicando os debates sobre temas importantes para o país, e isso gera um risco muito grande para a democracia. Uma das formas de manipulação que identificamos é o uso de ‘bots’ na internet para criar assuntos artificiais, então criamos o Pegabot como uma forma de oferecer à população mais uma ferramenta para identificar possíveis tentativas de desinformação, e ao mesmo tempo, mostrar como esse fenômeno vem se construindo em nossa sociedade. Estamos em negociação com o Facebook e temos vontade de identificar esse comportamento em redes de mensagens instantâneas como o WhatsApp, mas isso depende muito da abertura dessas plataformas”.
A ferramenta utiliza alguns critérios para avaliar a possibilidade do perfil ser um robô, como a linguagem utilizada, descrição do perfil, nível de emoção das mensagens, regularidade de posts, entre outros pontos. Uma linguagem limitada acompanhada de uma sequência de publicações em determinados horários, por exemplo, pode indicar um comportamento robótico.
“Nós, seres humanos, temos a tendência de sermos mais aleatórios que uma máquina devido às circunstâncias da realidade que é extremamente complexa. Nós erramos, trocamos palavras e esses pequenos erros são parte da natureza humana. Quando isso não está presente, há uma chance maior de identificar aquele perfil como um robô”, explica.
Para analisar a porcentagem do uso de “bot” de um perfil, basta entrar no site e colocar o nome do usuário no campo de verificação. Até agosto, a página também terá um espaço dedicado a publicações de artigos sobre o tema, chamado de “Bot news”.
Às vésperas das eleições, o coordenador ressalta ainda a importância do programa: “O Pegabot auxilia as pessoas a verificarem se os seus candidatos estão atuando de forma justa, oferecendo transparência no uso da tecnologia e robôs nas eleições de 2018”.