O futuro bate à porta e tecnologia é a palavra do momento! Ela está no setor educativo, cultural, automobilístico e no mercado de trabalho. Além disso, a tecnologia tem sido grande aliada de quem quer ter seu próprio negócio. Você já deve ter ouvido falar sobre a palavra “startup”, mas e “unicórnio”? Em entrevista exclusiva, o economista e especialista do Imil, Filipe Brand, explica o significado desses novos termos e faz um panorama do atual cenário no Brasil que, no momento, lidera a abertura de startups na América Latina, segundo a OCDE.
“Startups são basicamente as empresas recém-criadas, com um modelo de negócios essencialmente inovador, geralmente atrelado à tecnologia, e que ainda se encontram em fase de desenvolvimento. Já os unicórnios são as startups que atingiram um processo de valorização muito alto, no caso US$ 1 bilhão. Isso é em referência ao personagem mitológico, devido à raridade da ocorrência. Existem também as fintechs, que são as startups de soluções tecnológicas aplicadas ao setor financeiro”, explica.
Mas se engana quem pensa que o lucro é instantâneo. “Elas valem tanto porque as pessoas que investem acreditam no seu potencial enorme pra gerar receita no futuro e assim podem adquirir uma fatia do capital dessas companhias. É uma aposta de longo prazo. No caso da Uber, por exemplo, os investidores apostam que as próximas gerações vão cada vez mais ser dependentes de transporte terceirizado, então há expectativa de que a base potencial de clientes para os aplicativos de transporte tenha uma progressão geométrica futuramente”.
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Ideias inovadoras estão aliadas a atitudes inovadoras, por isso, grandes startups usam todo seu capital para construir a base de clientes e desenvolver novas tecnologias, assim, garantem um patamar de lucros muito mais robusto no futuro, conta o economista. “Por isso que chamam essas empresas de ‘queimadoras de caixa’, pois reinvestem a receita quase toda e não entregam dividendo. Muitas abrem mão de receita e inclusive chegam a gastar, dando desconto nos serviços, na intenção de expandir ao máximo e o mais rápido possível o número de usuários. A ideia é dominar o mercado primeiro, se fundar como o líder dominante naquele nicho, ter sua marca lembrada e se instalar no dia a dia do cliente para ter a sua sobrevivência”.
Panorama brasileiro
Segundo a OCDE, o Brasil lidera a abertura de startups na América Latina, o que consequentemente culmina na geração de novos empregos, porém, a taxa de desemprego continua alta. Em contrapartida, o número de microempreendedores continua crescendo, subindo 13% em relação aos três últimos meses, de acordo com dados da Boa Vista. Para Filipe Brand, é um cenário animador, mas que ainda enfrenta obstáculos.
+ Startups, Fintechs e Unicórnios
“A sanção da MP da Liberdade representa um marco importante de desburocratização e defesa da livre iniciativa na garantia de estímulo à atividade empresarial. Mas precisamos avançar ainda mais, com uma discussão que está agora na mesa, que é o Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador, que acredito que será o verdadeiro marco regulatório que vai aprofundar esse arcabouço normativo de forma mais definitiva. Geralmente, os maiores obstáculos vêm do próprio Estado, que demora demais pra se adaptar às mudanças de um mercado dinâmico e é pródigo em criação de regras. Caso essas pautas das reformas econômicas e das políticas regulatórias sigam avançando, o estímulo da atividade econômica, por si só, deve ter o condão de retroalimentar esse movimento, gerando uma tendência de um ciclo virtuoso, que, além de alavancar a abertura de startups, também vai impulsionar a economia como um todo”, finaliza.