Não há, ainda, uma palavra em português para designar ou traduzir o que significa dhimmi, mas em breve você poderá começar a ouvir mais e mais essa palavra em árabe, assim como já ouve a palavra jihad.
Aliás, o conceito de dhimmi vem após o de jihad, guerra que divide os povos do mundo em dois campos irreconciliáveis, um, o dar al-Harb (território da guerra) e outro o dar al-Islam (território do Islã), onde impera a lei Islâmica, a sharia. A jihad, como lemos diariamente nos jornais, é realmente uma guerra santa movida pelos muçulmanos contra os infiéis e que só terminará no dia em que houver a absoluta supremacia do Islã no mundo inteiro.
A dhimmitude (mais uma palavra que não tem tradução, por enquanto), historicamente, então, é a subjugação dos judeus e cristãos que devem pagar a jizyah, uma taxa ou imposto pela “proteção” religiosa, na verdade significando submissão e obediência ou mesmo humilhação.
O Corão, na Sura 9:29, diz expressamente que “dentre aqueles, aos quais fora concedido o Livro, combatei os que não crêem em Allah nem no Derradeiro Dia, e não proíbem o que Allah e Seu Mensageiro proibiram, e não professam a verdadeira religião; combatei-os até que paguem al-jizyah, com as próprias mãos, enquanto humilhados”. Povos do livro aí são cristãos e judeus, pois são os povos que aceitam a Bíblia.
Historicamente a dhimma foi um tratado firmado por Maomé com judeus quando de sua vitória em 628 no oásis de Khaibar, na Península Arábica e daí para frente serviu de modelo para qualquer acordo regulamentando as relações entre conquistadores muçulmanos e populações vencidas, onde os vencedores sempre levam vantagem.
A taxa, segundo a lei islâmica, não era para ser cobrada de crianças e mulheres, mas isso era ignorado na prática, e a jizyah tornou-se uma ferramenta de opressão onerosa e odiosa na mão dos mandatários islâmicos. No Império Otomano, por exemplo, de acordo com a maior especialista no assunto, Bat Ye’Or, crianças, viúvas e até enfermos eram constrangidas a pagar.
Como que para mostrar a superioridade da civilização e da religião muçulmana a taxa era paga numa humilhante cerimônia pública onde o pagador levava uma pancada na cabeça ou na base do pescoço.
Recordo que nos nossos bancos escolares aprendemos que sob a dominação moura (ou árabe) da Península Ibérica, os judeus viviam bem e com muita liberdade, tendo exercido profissões de prestígio como médicos da corte, banqueiros e outras. Isso não é bem verdade, embora ainda haja divergência entre alguns historiadores. Judeus, cristãos e zoroastrianos eram apenas tolerados como cidadãos de segunda classe, desde que pagassem impostos
Claro que um ou outro gozou de favores especialíssimos dos califas muçulmanos, mas a imensa maioria era sujeita ao status de dhimmi e não podia se reunir na rua, os dhimmis não podiam construir sinagogas (só podiam reconstruir as antigas, pré-islâmicas), deveriam usar roupas determinadas pelas autoridades muçulmanas e mais uma série de imposições das autoridades, coisas, aliás, copiadas séculos depois, pelos nazistas (que inventaram muito pouco, e copiaram quase tudo de outros, inclusive a cor amarela da braçadeira com a estrela de David, coisa que poucos sabem e que foi criada pelo Califa Harun al-Rashid) e a própria suástica dos indianos (que voltada para a esquerda é um símbolo do bem).
E se você acha que tudo isso pertence a um passado remoto, coisa da Idade Média ou da Reconquista espanhola, veja o que o Sheikh Marzouq Salem Al-Ghamdi numa mesquita em Meca, Arábia Saudita, disse há apenas uns anos atrás: “se os infiéis vivem entre os muçulmanos dentre as condições estabelecidas pelo Profeta, não há nada de errado em que se cobre deles a jizyah em favor do tesouro islâmico. Outras condições são… que não remodelem igrejas ou monastérios, que não consertem aquelas que foram destruídas, que alimentem por 3 dias qualquer muçulmano que passe por sua casa… que se levante quando um muçulmano queira se sentar, que não imite um muçulmano na maneira de se vestir ou falar”, e mais algumas coisas.
Outro fato marcante é que depois de quase 3 mil anos os judeus estão deixando de existir nos países muçulmanos e as comunidades foram reduzidas a uns poucos indivíduos. Onde outrora havia cultura pujante, comércio abundante hoje praticamente não há mais. E não só com os judeus. Os cristãos coptas no Egito também sofrem. E muito. Há notícias de perseguições e morte praticamente todos os dias, apesar do governo egípcio, através dos guias turísticos, mostrar as antiqüíssimas igrejas e sinagogas como prova da liberdade religiosa.
Com o crescimento da religião muçulmana, movida antes de tudo pela explosão demográfica (e não se engane o leitor, pois essa é a principal causa, já que o fiel pode ter até quatro esposas) não será de estranhar se amanhã ou depois começarmos a ouvir cada vez mais termos como dhimmi, dhimmitude, jizyah, sharia, umma, como já ouvimos jihad, jihadismo, mujahedin e outras.
Dhimmi, portanto, é o cidadão de segunda classe, tolerado pelo senhor muçulmano, dentro da sociedade islâmica, desde que, é claro, pague a taxa devida pela proteção. É isso que nos espera num futuro não muito distante?
Ótimo o seu artigo.
A resposta à sua pergunta é extremamente simples: Tudo depende dos Estados Unidos.