Você sabe quanto paga de imposto por litro de gasolina? Os 100 motoristas que participaram da 7ª edição do Dia da Liberdade de Impostos — promovida pelo Instituto Millenium (Imil) na manhã desta terça-feira, 2 de junho — perceberam no bolso o peso da alta carga tributária no Brasil. Durante a ação, no posto de gasolina Bacellar, em Vila Isabel (Zona Norte do Rio), eles puderam abastecer o carro sem precisar pagar os 56,09% de impostos embutidos no preço do combustível. Em vez de desembolsarem R$ 3,44/litro, eles gastaram apenas R$ 1,51. O Instituto Millenium subsidiou a venda de 2 mil litros da gasolina para aumentar a percepção do consumidor sobre a incidência de impostos no Brasil.
Com a ação realizada pelo Imil, os motoristas refletiram sobre a alta carga de tributos. Com base no valor de R$ 3,44 por litro do combustível cobrado no posto Bacellar, o consumidor pagaria R$ 1,93 desse total exclusivamente em impostos e contribuições. “É muito imposto. Eu nem sabia que era tanto! Esse dinheiro não é bem investido na saúde pública”, queixou-se a decoradora Ivoni Batista, moradora do Engenho Novo (Zona Norte).
Cada motorista abasteceu o carro com até 20 litros de gasolina sem impostos. Cem senhas foram distribuídas a partir das 8h da manhã, formando uma fila no entorno do posto. Os interessados ainda participaram de uma brincadeira: com uma mochila pesada nas costas, eles pularam amarelinha em um tapete que mostra a alíquota de cada tributo que incide sobre a gasolina. No preço final do combustível, estão inclusos impostos como PIS, Cofins, ICMS e outros – um total de 56,09%. O cabeleireiro Adir Roberto Mendes não sabia que pagava tantos tributos. “Imaginava que fossem menos impostos. A gente vê tanta corrupção e não recebe nada do que paga de volta. É um roubo!”, reclamou Adir.
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), em 2015, o brasileiro trabalhou até maio, o equivalente a 151 dias ou cinco meses, para pagar impostos, taxas e contribuições destinadas aos cofres públicos. Ou seja, no Brasil, o cidadão destina mais dias de trabalho para quitar tributos do que na Alemanha, (139 dias); na Bélgica (140 dias) e na Hungria, (142 dias).
Com carga tributária comparável a de países desenvolvidos, o Brasil, no entanto, ficou na última posição em ranking de retorno de tributos à população. No levantamento realizado pelo IBPT e divulgado nesta segunda, dia 1º de junho, o Brasil ocupou a última posição, ficando em 30º lugar, pelo quinto ano consecutivo. O país foi classificado como o que menos retorna serviços públicos de qualidade em relação a impostos, contribuições e taxas arrecadadas. Para o contador e servidor público Renan da Silva Tavares, o problema nem está no fato do brasileiro pagar muitos impostos e sim a falta de investimentos em serviços públicos de qualidade. “Se houvesse retribuição pelo que a gente paga, eu nem acharia a carga tributária tão alta. O dinheiro deveria ser mais aplicado em educação. Se eu pagasse menos impostos, eu reverteria esse dinheiro em mais estudo para mim e para a minha família”, disse.
A insatisfação com o excesso de impostos e a falta de saúde e educação de qualidade foram as principais reclamações dos entrevistados durante a ação no posto de gasolina. Certificadora do Detran e moradora de Vila Isabel, Marcelle Nascimento está atenta à alta carga tributária. Ela sempre observa o peso do ICMS nas notas de compras do supermercado. Mãe de dois filhos, – um de 5 anos e outro de 2 anos – ela disse que se pagasse menos impostos poderia dar uma educação melhor para as crianças. Para ela, a corrupção é a principal culpada pela falta de investimentos em serviços públicos de qualidade. “Não vejo retorno do que a gente paga. A saúde é precária, as ruas são precárias, a educação é ruim. O dinheiro vai para o bolso dos governantes”, disse.
A decoradora Ivoni Batista concorda que os recursos arrecadados pelo governo são mal utilizados. “Parece que comem o dinheiro, que não é bem investido em saúde e educação”, reclamou. A ação pelo Dia da Liberdade de Impostos também foi realizada pelo Instituto Mises, em São Paulo.
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