No front econômico o dia foi de decisão no Copom, mas quem se interessa? Com as eleições “pegando fogo” toda atenção continua voltada para as pesquisas, buscando-se saber quem deve chegar ao segundo turno. Na noite de terça-feira saiu a pesquisa Ibope, mostrando Jair Bolsonaro (28%) e Fernando Haddad (19%) isolados na frente, muito próximos de chegar ao segundo turno. Se nada de excepcional acontecer esta será a disputa final.
Interessante observar que na simulação de disputa de ambos no segundo turno deu empate de 40%. Com os outros candidatos, Bolsonaro não perdeu mais para ninguém. Empatou com Haddad, com Alckmin (38% X 38%) e com Ciro (40% X 39%).
O fato é que já se esperava uma puxada a favor de Haddad, mas o que surpreendeu foi sua velocidade, pela rápida transferência de votos de Lula para o seu pupilo. Por outro lado, continua causando desconforto nas hostes da equipe do PSL a elevada rejeição do capitão (42%).
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Além disso, nesta pesquisa do Ibope Ciro Gomes foi o único a se manter estável, mantido nos 11%; Marina Silva, uma das herdeiras do espólio eleitoral de Lula, perdeu metade dos votos que tinha no Ibope do dia 5 (12%) a 6%; e Geraldo Alckmin, antes estável nos 9%, confirmou os últimos levantamentos e recuou a 7%, na fase mais difícil da sua campanha. Já se observam sinais de debandada. Sobre os nanicos, todos também perderam voto. João Amoedo do Novo, Henrique Meirelles do MDB e Álvaro Dias do Podemos, de 3% recuaram a 2% cada um.
Por fim, os votos brancos e nulos continuaram baixando, de 19% há uma semana para 14%, o que significa que o eleitor já começa a fazer suas escolhas por candidatos competitivos, acirrando o cenário de polarização.
Por outro lado, mesmo observando ser elevada a probabilidade de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, não descartamos mudanças na relação de forças, com o surgimento de uma terceira via.
Tudo é possível nesta que já é considerada a eleição mais improvável dos últimos 40 anos. Um nome alternativo pode ser Ciro Gomes, desde que tirando votos de Fernando Haddad. .
Falando sobre a economia, na reunião do Copom desta quarta-feira foi unânime a decisão de manter a Selic estável em 6,50%, diante de uma economia muito fraca, com elevado “hiato de produto” e a inflação, pelo varejo, relativamente controlada. Os efeitos secundários do câmbio esticado parecem não preocupar neste momento.
Ao que tudo indica, os diretores do BACEN devem aguardar o desfecho das eleições para assumir uma posição, avaliando inclusive o impacto do câmbio, que se deprecia mais de 25% neste ano. Maior efeito aqui está indo para os IGPs, já próximos de 10% no ano.