Em 2010, pela primeira vez na história da redemocratização deste país, a grande imprensa foi derrotada no processo eleitoral. O que é ser derrotada? É simplesmente ter o candidato de sua preferência derrotado na disputa. José Serra, por ações e omissões, era o candidato da grande mídia.
Por que pela primeira vez? Desde que Tancredo Neves foi eleito presidente, em 1985, nunca um presidente chegou ao Planalto sem o beneplácito ou o apoio da grande imprensa.
Até mesmo em 2005, Lula contou com uma postura seletiva da grande mídia ao enfrentar as turbulências do mensalão. Caso Lula – e não o PT e José Dirceu – tivesse sido brutalmente perseguido, não teria chegado ao segundo turno.
A situação ocorrida em 2010 não é nova no Brasil. Ocorreu, pelo menos uma vez, com Getúlio Vargas, em 1950. E, como sabemos, o governo Vargas terminou dramaticamente com o suicídio do presidente. Constatando que Dilma Rousseff foi eleita apesar da imensa má-vontade da grande imprensa, o que esperar dessa imprensa em relação a seu governo?
Considerando a agenda para as comunicações em 2011, poderemos ter o aprofundamento das divergências. Tal fato está claro pelo potencial de atritos e discordâncias em torno dos temas. E pelo poder político dos players envolvidos. Qual seria a agenda? Basicamente, a seguinte.
O PLC 116, em tramitação no Senado, permite a entrada das telecomunicações na TV à cabo e estabelece uma concorrência direta entre os grandes grupos de telecomunicações e a radiodifusão. Pronto para ser aprovado no Senado no final do ano, o PLC recebeu forte oposição das emissoras de rádio e televisão e ficou para o ano que vem.
Outro tema é o novo marco para as concessões de radio e televisão que está sendo construído no governo. O novo marco traz incerteza e preocupação para os donos de concessões de rádio e televisão.
Dois outros temas entram na agenda: o marco para a internet e o Plano Nacional de Banda Larga. Ambos têm repercussões na difusão de conteúdo e podem reforçar a presença das teles em um mercado que era dominado pelos grandes grupos de comunicação.
A existência dessa problemática agenda contaminou a postura da imprensa no processo eleitoral. Não raro se acusou o governo Lula de querer restringir a liberdade de expressão pelo simples fato de querer discutir o modelo de propriedade do setor. Foi parte da disputa que está por vir.
Para 2011, o que vemos é uma postura inicial cautelosa. Ao final do ano, vimos esforços para recompor as condições de diálogo entre a grande mídia e o novo governo. O noticiário já transparece esse processo de distensão.
Porém, evitar a guerra entre governo e a grande mídia vai depender fundamentalmente da vontade de Dilma em atacar – ou não – as questões que estão na agenda do setor.
Por exemplo, como se pode aceitar a propriedade de veículos de comunicação por políticos? É um absurdo que mereceria a condenação unânime da grande mídia.
Fonte: Brasil Econômico, 30/12/2010
Puxa,vivendo e aprendendo,com gente de “dentro” da muralha.Eu nem desconfiava que esses interesses existiam.Sempre achei que a posição da imprensa grande fosse fincada sempre na ideologia.Nunca ouvi ou li nada sobre essa guerra de trincheira entre as “famílias” e as teles.E olha que vou ao PHA e o Azenha todo santo dia.
Não sei que imprensa o autor deste artigo lê, o unico meio de comunicação que apoiou o candidato serra foi o Estadão, as redes de televisão, radios e demais jornais conhecidos como da grande imprensa fizeram uma campanha extraordinaria para o lula e seu poste, cobertura, dia a dia, subtraindo ou deixando de divulgar fatos que prejudicavam a candidata e o inverso fizeram com o serra, a imprensa, a justiça e todas as demais entidades, une, oab, empresas publicas fizeram campanha descaradamente,…