De quem se falar muito parecer com seu padrinho, a grande dúvida que se tem é no que Dilma será diferente de seu antecessor. Por enquanto, seu provável inicio de governo não deverá ser muito diferente do que se viu até agora. Isto é o que mais se ouve hoje, principalmente pelas escolhas feitas para seu ministério.
Entretanto, há razões para acreditar que a nova presidente será diferente em muitos aspectos de Lula, para o mal ou para o bem.
Para o bem, mas já esperado, parece haver certas mudanças na política externa. Há uma tendência, pela própria história de Dilma, de ser menos condescendente com atos bárbaros praticados por outros governos. Foi exemplar dessa nova atitude a rejeição da presidente ao julgamento por apedrejamento de uma mulher iraniana.
Também parece haver uma tendência de reaproximação com os EUA pela escolha de Antônio Patriota como ministro das Relações Exteriores. Ainda não está certo seu julgamento sobre o comportamento de outros líderes latino-americanos, notadamente de Chávez, sobre quem Lula conseguiu de certa forma ter alguma voz.
Os investimentos em infraestrutura também devem deslanchar. A queridinha dos olhos de Lula sempre foi o social, e bem menos aqueles gastos. Nesse aspecto Dilma deverá ser diferente, até por ser mãe do PAC. Já se nota isso com a vontade, cada vez mais premente, de dar agilidade nos investimentos da Infraero.
A própria presidente já discursou em outros momentos que uma solução boa poderia ser a privatização da empresa, talvez única solução a essa altura da proximidade da Copa do Mundo.
Para o mal, há um cheiro de mudança de política econômica no ar. O novo mandachuva na economia, além da própria Dilma, será o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em inúmeras ocasiões no passado ele deu a entender que não estava satisfeito com a política monetária e que a taxa de juros deveria cair mais.
Concordamos que no longo prazo ela deve cair, mas o timing pedido pelo ministro só ocorreria se tivéssemos um brutal ajuste fiscal para compensar.
Como ele também nunca foi adepto de ajustes fiscais, nem a própria presidente, deveremos ter a indecorosa política de “um pouco mais de inflação para ter uma pouco mais de crescimento”. Até porque pensar em ajuste fiscal nesse governo implicaria cortes profundos em várias áreas importantes e caras à presidente.
Mais ainda, um futuro membro da equipe já disse que é mais adepto de melhorar a gestão do que ajustar profundamente. Concordamos que a gestão é péssima e há muito a melhorar, mas esse não é o ponto agora. Combater a inflação não virá por melhoria da gestão, mas sim por cortes na veia.
Com isso, o governo Dilma poderá ganhar uma imagem melhor no cenário de política internacional, diferente dos últimos anos de Lula, mas poderá ganhar contornos mais dramáticos no cenário econômico internacional. Até quando os investidores estão dispostos a suportar uma política fiscal irresponsável e uma política monetária dúbia?
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