Sob pressão de aliados e de movimentos sociais, presidente reduziu Esplanada em oito pastas, e não em dez, como havia anunciado
A presidente Dilma Rousseff não conseguiu cortar os dez ministérios previstos inicialmente e vai anunciar nesta sexta-feira, 2, uma redução de oito pastas na Esplanada. A quantidade foi confirmada ao Estado por um ministro do PT.
Dilma teve de reduzir o número de ministérios cortados para agradar aliados e não perder o apoio dos movimentos sociais. O Ministério de Infraestrutura, que surgiria da fusão das secretárias da Aviação Civil e Portos, por exemplo, não foi criado porque o PMDB não abriu mão de comandar as duas pastas.
Dilma também desistiu de mexer em pastas da área social, como o Desenvolvimento Social e o Desenvolvimento Agrário. Enquanto a primeira cuida do Bolsa Família, a grande bandeira das gestões petistas, a segunda é responsável por temas como a reforma agrária, considerada de extrema importância para o Movimento Sem-Terra (MST), um dos principais grupos que apoiam a presidente.
Dilma, porém, decidiu fundir as secretarias das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos em um único ministério, que ficará sob o comando a atual ministra da Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes. Dilma queria uma mulher para a pasta, para não diminuir ainda mais a representação feminina na Esplanada. As deputadas Benedita da Silva (RJ) e Moema Gramacho (BA) também foram cotadas para o cargo.
Depois da pressão da sociedade civil, a presidente também recuou nos planos de distribuir as atribuições da Controladoria-Geral da União (CGU) a outros ministérios. Em tempos de Operação Lava Jato, foi levado em conta que seria muito sensível mexer em um órgão que tem como função combater a corrupção.
PMDB– Com o objetivo de garantir apoio no Congresso e impedir o avanço de um processo de impeachment, Dilma cedeu dois ministérios para o PMDB da Câmara. Ficou decidido que o deputado Marcelo Castro (PI) irá para a Saúde e que Celso Pansera (RJ) assumirá Ciência e Tecnologia.
Pansera é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está rompido com o governo e a quem cabe dar início a um eventual processo de impedimento da presidente. O deputado chegou a ser chamado de “pau mandado” de Cunha pelo doleiro Alberto Yousseff durante as investigações da Operação Lava Jato.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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