Em pleno mensalão, Delúbio já alertava: “Trata-se de uma conspiração da direita contra o governo popular”. Era a senha de que a quadrilha levaria os slogans de esquerda (e a cara de pau) às últimas conseqüências.
A fome não rendeu tanto. Mas o neoliberalismo e a privatização revelaram-se uma mina de ouro. E vem aí a mega-sena dos direitos humanos.
Num decreto digno dos 41 anos do AI-5, o governo embrulha a sociedade nos cânones do chavismo. Em lugar do brado dos generais em 1968, o choro de Lula – afinal, é o autoritarismo do bem.
Tudo pelos direitos humanos. Menos beijo na boca. No decreto mais cínico da história deste país, redigido em típica subliteratura de assembléia petista, os direitos do homem viram bucha de canhão populista.
Tem de tudo. Até garrote financeiro e censura a veículo de imprensa que “atentar contra os direitos humanos”. Pode-se imaginar o que vem por aí. Basta lembrar no que deu o atentado aos direitos sobre-humanos da família Sarney.
O paralelo com o AI-5 não é justo. O decreto lulista é mais abrangente. Nas suas 73 páginas, se mete em tudo. Se os generais facilitaram as invasões de domicílio, o PT dá uma força à tomada de propriedades privadas no campo. É a versão esquerdista da licença para barbarizar.
O sistema democrático também ganha seus retoques. Plebiscitos, referendos e mecanismos de veto popular vêm trazer o “enfim sós” entre o governo e seus súditos. Congresso, Judiciário, imprensa e demais instituições burguesas estão mesmo sobrando nessa relação tão pura.
Hugo Chávez e suas estripulias (chegou o câmbio duplo, sem airbag) estão aí para mostrar o final feliz do grande líder com a massa embevecida.
No lançamento do decreto histórico, o assunto foi o novo penteado pós-peruca de Dilma Rousseff. Nada mais deixa o país de cabelo em pé.
Avante, filhos do Brasil. Divirtam-se enquanto é tempo, porque a noite pode ser longa.
(Publicado em “Época”)
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