Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam em queda nesta quarta-feira, 5, com investidores à espera da ata da reunião do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, que deve dar sinais sobre a mudança na política de juros. Na cena doméstica, pesa o aumento da percepção do risco fiscal com a pressão de diversas categorias do funcionalismo público federal por reajustes salariais. Por volta das 11h40, o dólar operava com queda de 0,55% após dois dias seguidos de alta, cotado a R$ 5,658. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,693, enquanto a mínima não passou de R$ 5,652. A divisa norte-americana encerrou a véspera com alta de 0,48%, a R$ 5,690. Seguindo o clima de cautela internacional, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com queda de 0,6%, aos 102.888 pontos. O pregão desta terça-feira, 4, encerrou com recuo de 0,4%, aos 103.513 pontos.
Investidores em todo o mundo aguardam pela publicação nesta tarde da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do BC norte-americano. O documento deve dar indicações de mudanças na política monetária da maior economia do mundo em meio à escalada da inflação global. Atualmente o Fed mantém a taxa de juros entre 0% e 0,25%. No fim de 2021, a autarquia reduziu a compra de títulos públicos e indicou a alta dos juros para 2022. A mudança na política monetária tende a atrair mais investidores para o Tesouro dos EUA, considerado um dos ativos mais seguros do mundo. Ainda na pauta internacional, investidores seguem acompanhando a evolução dos números da variante Ômicron ao redor do globo. Os EUA registraram nesta segunda-feira mais de 1 milhão de casos de Covid-19 em 24 horas, batendo o recorde mundial diário de infecções. Apesar de o número de internações e mortes não ter dado sinais de disparada, o quadro de infecções levou à suspensão de voos em diversas partes do mundo e adoção de medidas de restrição em parte da Europa.
No cenário doméstico, as atenções se voltam para as mobilizações de diversas categorias do serviço público federal por reajustes salariais após o governo ter concedido aumento para servidores da segurança pública. Caso as demandas sejam atendidas, a União vai precisar romper o teto de gastos — a principal âncora fiscal da economia brasileira —, o que deve levar ao aumento da percepção de descontrole dos gastos públicos às vésperas da eleição. Em caráter reservado, auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmaram à Jovem Pan que o presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia dos riscos de mobilização generalizada ao autorizar o reajuste apenas dos servidores da segurança. Apesar das críticas, a equipe econômica vê na mobilização do funcionalismo uma “brecha” para pressionar o Congresso a aprovar a reforma administrativa em 2022. A questão, no entanto, é rechaçada por parlamentares da base aliada do governo e da oposição.
Fonte: “Jovem Pan”, 05/01/2022
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