Ayn Rand é uma das pessoas mais influentes do Século 21. Mesmo tendo morrido em 1982. Fora dos Estados Unidos, é quase desconhecida. Lá é um ícone. Vende quase 300 mil livros por ano.
Rand criou um sistema filosófico que batizou de Objetivismo. É pró-feminismo, antiracista, antiautoritário e antirreligião. Também é baseado no individualismo extremo (ela escreveu um livro chamado A Virtude do Egoísmo) e no capitalismo laissez-faire, com supervisão mínima ou nenhuma do estado.
Suas ideias foram formatadas por dois lugares impiedosos: a Rússia revolucionária, de onde sua família teve que fugir quando ela era menina, e Hollywood, onde trabalhou como assistente de Cecil B. de Mille, figurinista e roteirista. Decolou como romancista – seu The Fountainhead (A Nascente), foi filmado com Gary Cooper. Em 1957, emplacou Atlas Shrugged, que resume os ideais do objetivismo.
Entre 1965 e 1982, foi musa e mentora de um grupo de jovens dedicados a promover sua filosofia. Da primeira turma deste Collective fez parte Alan Greenspan, entre 1987 e 2006, presidente do Federal Reserve, o banco central americano.
Foi sob a influência de Greenspan que aconteceu a mais radical desregulamentação do mercado financeiro, tirando dos Estados o poder de supervisionar de perto boa parte das atividades de bancos e fundos.
Quem mais é fã assumido de Ayn Rand? Christopher Cox, de 2005 até hoje, Diretor Geral da SEC – o “xerife” do mercado financeiro americano, inspirador da nossa CVM. A crise financeira de 2008 tem a ver diretamente com Ayn Rand.
Nem só políticos são seguidores do objetivismo, claro (embora haja muitos). Você pode ouvir o individualismo radical de Rand nos miniépicos do Rush – Neil Peart, o melhor baterista do rock, é “Randista”.
Também está nos trabalhos de quadrinista como Steve Ditko, cocriador do Homem Aranha, e Frank Miller – agora você entendeu Sin City e 300? E nas iniciativas de gente de internet como o bilionário Mark Cuban e Jimmy Wales, criador da Wikipedia.
Quer saber mais? A história é ótima e vale a pena se aprofundar. Em caso de preguiça, espere o filme. O projeto dos sonhos de Angelina Jolie e Brad Pitt é Atlas Shrugged.
Agora, o que isso tudo tem a ver com videogames? Ora, o universo de Bioshock é um mundo em que o objetivismo venceu. Ken Levine, produtor do jogo, é leitor e admirador de Ayn Rand – mas não um seguidor cego.
Andrew Ryan, o personagem que é o criador da cidade distópica Rapture, é sua versão para os típicos heróis randianos, “super-heróis, grandes personalidades mas com defeitos”, explicou.
“Vejo muita coisa positiva no positivismo, em acreditar que o indivíduo pode ser uma força mais central que um governo ou uma divindade. Concordo muito com Rand na maneira que penso sobre religião e política.
Bioshock é um jogo sobre o perigo de acreditar cegamente em qualquer coisa.”
Você não precisa saber de tudo isso para se divertir muito com Bioshock, o primeiro ou sua sequência, que se passa em um 1970 alternativo. O próprio Levine concorda: “tem gente que quer meditar sobre os temas e as metáforas, e tem gente que simplesmente gosta de explodir tudo.” Seja você um ou outro, desconfio que vai adorar Bioshock 2.
Ah, e para não dizer que a filosofia de Ayn Rand não teve suas influências no Brasil: clique aqui e visite o site do Instituto Millenium. Você vai encontrar muitos nomes conhecidos e influentes entre seus integrantes.
Até o Pedro Bial está lá! E depois, tem gente que ainda diz que os videogames não são educativos…
Fonte:
http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2010/09/14/dos-videogames-ao-instituto-millenium/
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