Empresários contam como superaram desafios e transformaram suas empresas em negócios de prestígio em todo o Brasil
A realidade de uma grande empresa pode ser bem diferente de um pequeno negócio. Mas as premissas básicas para fazer um empreendimento dar certo são as mesmas, principalmente no que se diz respeito a gestão. Além disso, uma grande empresa, um dia, já foi pequena.
A gigante marca Boticário nasceu como uma despretensiosa farmácia de manipulação em Curitiba. Miguel Krigsner, o fundador, passou pelos mesmos dilemas que muitos pequenos empresários para descobrir se estava dando o passo certo ao abrir uma segunda loja. O passo foi fundamental para o crescimento da marca e sua expansão nacional. Hoje o Boticário é a maior rede de franquias do Brasil.E Krigsner aprendeu o que considera a maior característica de um empreendedor: coragem para correr riscos. “Sempre tem um momento de um salto no escuro”, revela.
Caito Maia, da Chilli Beans, gosta de mostrar-se acessível às criticas, dúvidas e sugestões da base de franqueados e da equipe de colaboradores. Também afirma que, com exceção do departamento financeiro, está presente em todas as etapas da operação. Para ele, um empreendedor não pode distanciar-se do balcão. “Quanto mais eu toco no micro, o macro fica monstruoso”, afirma.
Guilherme Paulus, da CVC – “Empreender é como estar dentro de um jogo de videogame”, brinca o fundador da CVC. Ele considera o planejamento fundamental para o sucesso de um negócio, mas garante que nem sempre é possível prever o que acontecerá.Estar preparado para lidar com o inesperado, portanto, é fundamental. “Quando você acredita no seu negócio e tem um objetivo definido, você consegue vencer”, garante.
A dica de Carla Sarni, da Sorridents, é que o empreendedor identifique em quais setores ele pode perder o controle e, a partir daí, tome atitudes para travar a operação. Quando a Sorridents começou a crescer, por exemplo, Carla percebeu que havia o risco de os franqueados comprarem matérias-primas de baixa qualidade para aumentar o lucro. Para evitar esse problema, ela certificou e definiu fornecedores específicos para todas as unidades da empresa.
Romero Rodrigues, do Buscapé, não acredita em receitas prontas para o sucesso. Para ele, os bons resultados surgem do planejamento, da ousadia e, porque não, dos erros cometidos. “Precisamos aprender a louvar a falha”, argumenta.
Ricardo Garrido e os seus sócios na Companhia Tradicional do Comércio preferem investir no treinamento dos garçons, considerados por eles os maiores agentes de marketing à disposição do negócio. “No início, percebemos que os funcionários trabalhavam quase que contra os clientes. Investimos muito em treinamento para que eles entendam como é especial ter nosso bar escolhido entre tantos outros estabelecimentos”, diz.
José Efromovich, Avianca – Questionado sobre o início improvável no ramo da aviação, já que é egresso de segmentos distintos, o empresário contou aos participantes detalhes sobre os erros que cometeu durante essa empreitada aérea.
Isael Pinto, General Brands – O empresário conta que sempre reinvestiu o lucro ou usou suas próprias economias no crescimento da General Brands – inclusive todo o dinheiro depositado em um plano de previdência privada. Seu conselho é que a pequena empresa siga o mesmo caminho antes de recorrer às linhas tradicionais de crédito ou então ao apoio monetário de fundos de investimento.
Bruno Caravati, Fisk O CEO não tem dúvidas: a concorrência obriga a empresa a aprimorar o trabalho, principalmente em um mercado tão concorrido como o das escolas de idiomas. “Tem de ter alguém nos seus calcanhares para que você seja sempre melhor”, garante.
Miguel Krigsner, Grupo O Boticário – A relação entre sócios é vista como extremamente delicada por Krigsner. No seu caso, o sócio é o cunhado, o atual presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum, com quem trabalha há mais de 25 anos. Para manter as relações familiares e profissionais saudáveis, eles mantem um pacto: não falar sobre a empresa nos almoços de domingo, apenas em casos extremos.
Jae Ho Lee, Grupo Ornatus – Com empresas de acessórios e alimentação no portfólio, Lee vê na mulher o ponto de encontro das suas marcas. “É o melhor segmento para trabalhar”, destaca. A justificativa está no avanço feminino no mercado de trabalho. Sem tempo para cozinhar, são elas – e suas famílias – quem ajudam a movimentar o setor de alimentação fora do lar. E a necessidade de estar arrumada para trabalhar impulsiona as vendas de vestuário, acessórios, calçados e cosméticos.
Robinson Shiba, TrendFoods – Questionado sobre o sucesso do grupo TrendFoods, Shiba destacou o relacionamento com os franqueados como ponto de destaque. “Eu gosto de gente”, diz ele. “Faço reunião com a rede pelo menos quatro vezes por ano. Quando o franqueador parar de atender seu franqueado, ele não pode mais estar à frente do negócio.
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/13
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