Puxe (a descarga de um vaso sanitário sob forma de urna eleitoral) para se livrar deles: a falta de honestidade, pudor, decoro, compostura e espírito público desmoraliza o Congresso”, alerta a capa da revista “Veja” desta semana.
“Sem cerimônias com o dinheiro da Viúva: parlamentares defendem gastos pessoais com verba pública. Virou praxe na política a tese de que a coisa pública é coisa de ninguém. Os parlamentares têm o passaporte da impunidade e se protegem como em uma sociedade secreta”, advertem as chamadas das matérias políticas reunidas sob o mesmo chapéu, “O Congresso mostra suas entranhas”, do GLOBO deste domingo.
“A soma dos benefícios em dinheiro oferecidos aos deputados federais atinge entre R$ 48 mil e R$ 62 mil por mês, mais do que o triplo do salário de R$ 16.512, ainda sem incluir infraestrutura e assistência médica.
No caso dos senadores, cujo salário é o mesmo, os benefícios engordam os valores para algo entre R$ 74,7 mil e R$ 119,7 mil. Os congressistas recebem 15 salários por ano. Das 36 leis aprovadas pelo Congresso este ano, 17 são homenagens criando dias nacionais ou dando nomes a rodovias e aeroportos — o aeroporto de Macapá mudou de nome duas vezes em 25 dias”, registra a primeira página da “Folha de S.Paulo” deste domingo.
“O Congresso tem salvação? Só o Legislativo pode salvar a si próprio, e os políticos devem empreender as reformas para tirá-lo da irrelevância e do descrédito”, recomenda matéria da “Época” desta semana sobre a “enciclopédia de escândalos” da Casa em 2009. Uma chamada na capa da mesma revista — “O diretor do Senado que usou sua própria ex-babá como laranja” — relata como um diretor de recursos humanos do Senado, ex-chefe de gabinete do ministro Edison Lobão, empregou sete parentes na Casa e ainda “criou empresas de fachada que usavam testas de ferro para ocultar o recebimento de quantias milionárias pagas por empresas que faziam negócios com o Senado”. Faturando R$ 3 milhões em um ano e meio, as três empresas da ex-babá e de seus dois filhos dentistas “prestavam consultoria sobre finanças a bancos e corretoras de seguro”. Sua mulher, funcionária aposentada do Senado, receosa da reportagem de “Época”, ofereceu: “O que posso fazer? Dinheiro? Se eu te der meu carro você não publica?” Há muita preocupação com a crise econômica global e o fim dos tempos para o capitalismo. Acalmemse leitores, pois não ocorrerá. Maiores cuidados merecem as democracias. A competição global não é somente uma disputa de eficiência entre as empresas, mas também uma questão de qualidade das políticas públicas. Em meio à guerra mundial por empregos, faltam ao Brasil as reformas tributária, fiscal, trabalhista e previdenciária. Mas parece que nada ocorrerá sem uma prévia reforma política, dando funcionalidade ao sistema pluripartidário e removendo da vida pública as criaturas do pântano.
(O Globo – 27/04/2009)
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