A Petrobras é hoje, sem dúvida alguma, a empresa petrolífera com a melhor perspectiva de crescimento no mundo. Isso é explicado por uma série de fatores. Nos últimos anos a Petrobras foi a empresa que mais agregou reservas de petróleo, a estatal é a número 1 do mundo em tecnologia de exploração off-shore, tem um dos melhores quadros técnicos entre as empresas de petróleo e, com o pré-sal, vai duplicar ou até triplicar suas reservas provadas.
Mesmo com esse horizonte azul pela frente, o comportamento das ações da empresa tem sido ruim e o valor de mercado da empresa vem caindo.
De janeiro até junho de 2011 a companhia perdeu R$ 1,5 bilhão na gasolina e R$ 2,2 bilhões no diesel pelo fato de estar sendo obrigada pelo governo a vender os dois derivados abaixo do preço no mercado internacional.
Esse rombo no caixa da Petrobras, provocado por uma intervenção do governo, é uma das explicações de por que as ações da empresa estão abaixo do seu valor patrimonial. Chama a atenção o fato do ministro da Fazenda ser o presidente do Conselho de Administração da estatal.
A presença do ministro na presidência do Conselho vem impedindo a aprovação do novo plano de investimentos da estatal, dado que o ministro privilegia as contas públicas e as metas de inflação em detrimento dos investimentos da empresa.
Essa decida da ladeira do valor de mercado da estatal se acentuou quando da realização do processo de sua capitalização. Apesar da Petrobras agregar 5 bilhões de barris de petróleo às suas reservas, o mercado não gostou nem do preço do barril e, principalmente, do estado aumentar a sua participação na estatal.
Na realidade, o mercado vem precificando a politização na gestão da estatal, que cresceu muito depois do anúncio das descobertas do pré-sal e durante o processo de capitalização. O clima implantado pelo governo anterior e sustentado pelo atual do “petróleo é nosso” só faz aumentar a desconfiança do mercado quanto ao futuro da empresa.
Acrescente-se ainda a escolha de investimentos de pouca qualidade e rentabilidade como a construção de cinco refinarias, produção de etanol e biodiesel e construção de termelétricas. Sem falar na adoção do modelo de partilha que obriga a estatal a ter um mínimo de 30% dos blocos e o monopólio da operação dos campos.
Causa preocupação a política do governo que está destruindo valor da Petrobras. Só em 2011, a empresa perdeu R$ 55 bilhões do seu valor de mercado. A Petrobras, que chegou a estar entre as cinco maiores empresas de valor de mercado no mundo, encontra-se agora em 11º lugar.
O fato é que do valor de mercado da Petrobras esta pela primeira vez, desde 1999, abaixo do patrimônio liquido da empresa. Isso seria um indicador para comprar suas ações? A resposta é que nada garante que seja o momento adequado.
Basta que a ingerência política permaneça ou até aumente e com isso a qualidade do investimento continuará ruim. É bom não esquecer que hoje a relação preço sobre o valor patrimonial da ação preferencial da Eletrobras é de 0,45 e o da Petrobras 0,98, portanto, ainda há espaço para piorar.
Afinal, ao invés da Eletrobras se transformar na Petrobras como anunciava o presidente Lula, o mais provável parece ser a Petrobras virar a Eletrobras.
É preciso cuidar da Petrobras, entendendo que é uma empresa de capital aberto e que para desenvolver sua grande joia, o pré-sal, necessitará executar um ambicioso plano de negócios. E não será com a ótica da Fazenda que isso ocorrerá.
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