Enviado por Anderson Oliveira do blog Letra Armada
Nos últimos dias um fato pitoresco foi descoberto pelos que tentam excomungar os irmãos Castro e sua ditadura na ilha de Cuba. Numa foto, ao lado de Lula – sim, nosso presidente – Fidel Castro trajava um confortável agasalho da Nike, a poderosa empresa norte-americana odiada pelos socialistas. Graças à imagem também se podia ver a imponência da residência castrista, com seus jardins e uma majestosa piscina. Gracejos, dos quais não duvido, ainda dão conta de que o socialista Fidel trafega pelas ruas cubanas fumando seu nativo charuto a bordo de um luxuoso automóvel inglês de nome Mercedes-Benz.
Não conheço a pequena ilha. Desde pequeno apenas ouço rumores de que no lugar ditadura e felicidade paradoxalmente conseguem coexistir. Pessoas que se vestem de vermelho me disseram que lá as escolas cubanas ensinam e o sistema de saúde funciona, além de inexistirem males capitalistas como a miséria e, consequentemente, a criminalidade. Por outro lado, dizem as más línguas, uma ditadura que censura, prende, mata e joga inimigos políticos no calabouço impera na ilha dos Castro.
Mas não entro nesse debate, não é meu desejo aqui. Prefiro remeter esse assunto a um pequeno e maravilhoso livro que li na adolescência: A revolução dos bichos. No decorrer da narrativa, os animais de um sítio revoltam-se contra seu senhor e conquistam a tão sonhada liberdade. A utopia socialista finalmente imperaria naquela terra onde a vontade de um homem era a lei. Todavia, curiosamente, alguns animais cuidaram de tomar para si os frutos da produção. A eles agora cabia o dinheiro e o poder, e ao povo (os outros animais) canga, aguilhão e feno – parafraseando citação atribuída a Voltaire.
Não quero dizer que isso se dá efetivamente em Cuba, pois pouco sei das reais condições do povo de Fidel Castro e seu irmão. Dizem haver por lá muito mais igualdade que em um país capitalista como os Estados Unidos. No entanto, como a lógica é uma ciência muito pouco aplicável ao caso ideológico, refuto a ideia de discutir os contrastes populacional e territorial entre os dois países.
Para terminar com mais uma graça, remeto agora a outra obra. Trago aqui um fato conhecido pelos habitantes da antiga e colossal URSS, contada pelo magnífico José Guilherme Merquior em A natureza do processo. Diz o pensador brasileiro que certa fez o apparatchiki – ou membro do Partido Comunista – Brejnev fez um convite à mãe dele para conhecer sua casa de campo. E assim ele mostrou à senhora os móveis luxuosos, o iate, a frota de automóveis, etc. Após o jantar, o homem que chegou a presidente da União Soviética indaga à senhora: “Mamãe, que tal? Seu filho até que venceu na vida, não foi?” Ao que a velhinha responde: “Sem dúvida, querido Leonid, estou muito impressionada. Mas me diga uma coisa: e quando os comunistas tomarem o poder, como é que você vai se arranjar?”.
Artiguinho prá lá de ordinário!
Tá vendo? Olha que maravilha! No final dá tudo certo. Não precisem ter medo.
Fiquei constrangido demais com seu comentário, Ary.
Não consigo encontrar argumentos para refutá-lo.
Além do fato de Mercedes-Benz ser uma montadora ALEMÃ.
“de” Mercedes-Benz ou “DA” Mercedes-Benz, caro Bruno (que eleva ainda mais o debate)?