Por causa do carnaval, que tirou dias úteis do calendário e afetou o desempenho da indústria e do comércio, a economia brasileira encolheu 0,11% em março nos cálculos do Banco Central. A expectativa dos analistas do mercado financeiro para o IBC-Br (índice que mede a atividade no Brasil) era de estabilidade ou uma leve retração no mês passado.
Foi justamente por causa da folia que as vendas do comércio varejista tiveram uma queda de 0,5%. Os economistas apostavam que haveria um baixo crescimento ou — no máximo — estabilidade no faturamento das empresas. Segundo eles, o dado divulgado ontem reforçou a expectativa de desaceleração gradual do consumo ao longo de 2014.
Por isso, o Bradesco, por exemplo, apostava que o IBC-Br de março ficaria negativo em 0,5%. No entanto, o diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da instituição, Octavio de Barros, lembra que os dados devem ser mais voláteis daqui para frente por causa da possível incorporação dos dados da nova PIM (Pesquisa Industrial Mensal, cuja metodologia foi reformulada e divulgada no começo do mês).
O índice foi criado pelo BC para balizar a condução da política de juros para controlar a inflação. Hoje, a taxa básica de juros (Selic) está em 11% ao ano. A estimativa do mercado financeiro é que o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompa a sequência de altas dos juros, que já dura um ano, na reunião no fim deste mês.
O IBC-Br não pode ser considerado uma prévia do PIB porque o dado oficial é muito mais complexo. É o que os economistas chamam de proxy, uma aproximação. As divergências com o número do IBGE refletem-se nos números.
A primeira projeção do governo para o crescimento deste ano era de 4,5% na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Hoje, a estimativa o Banco Central — considerada ainda muito otimista — é de expansão de 2%. O mercado aposta em 1,69%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por sua vez, disse que o país deve crescer o mesmo que o ano passado, ou seja, 2,3%.
Fonte: O Globo
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