Economistas projetam, em média, queda de 0,3%, após aumento surpreendente do segundo trimestre. IBGE divulga resultado oficial amanhã
Analistas do mercado esperam recuo de até 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), na comparação com o trimestre anterior. Segundo pesquisa da Bloomberg com 24 economistas, a média das projeções é de queda de 0,3%. Já em relação ao terceiro trimestre de 2012, a estimativa é de alta de 2,4%.
A possível desaceleração da economia é esperada desde outubro, quando o PIB no segundo trimestre surpreendeu, com alta de 1,5%. Agora, os mesmos fatores que ajudaram a turbinar aquele resultado, como crescimento da agropecuária e aumento de investimento, devem comprometer os dados que serão divulgados pelo IBGE nesta terça-feira.
– O terceiro trimestre foi de economia praticamente estagnada. Muito por conta dos setores agropecuário (que teve um primeiro semestre fantástico), mas que recuou, e também na indústria de transformação. Pelo lado da demanda, o principal destaque é a formação bruta de capital fixo (indicador de investimento), que deve recuar, ao passo que o consumo das famílias deve crescer – afirma Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultoria, que prevê recuo menos intenso que a média, de 0,2% frente ao segundo trimestre.
O otimismo em relação ao consumo das famílias não é consenso entre os especialistas. Para Alexandre Azara, economista-chefe do Banco Modal, o indicador deve vir fraco, fazendo com que o PIB do terceiro trimestre diminua 0,4% ante o trimestre anterior. A estimativa é baseada no aperto que o crédito tem tido nos últimos meses.
– O impulso de crédito é bem menor, com os bancos privados ficando bastante restritivos ao consumidor. Apesar dos bancos públicos terem tomado o lugar, não houve um aumento – analisa Azara.
Com revisão de dados, projeção para 3ª trimestre é “quase incógnita”
A previsão mais pessimista é da consultoria que, segundo a Bloomberg, tem o maior índice de acertos. Para a MB Associados, o PIB brasileiro vai encolher 0,5% no terceiro trimestre, principalmente por causa do desempenho fraco da indústria e da queda dos serviços.
No entanto, Sérgio Vale, economista-chefe da instituição, destaca que todas as estimativas estão mais nebulosas neste trimestre, já que o IBGE deve revisar dados de 2012, para incluir informações da nova Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Antecipando-se à divulgação oficial, a presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao jornal espanhol “El Pais” publicada na semana passada, que o PIB do ano passado seria elevado de 0,9% para 1,5%.
– O IBGE divulga no terceiro trimestre uma ampla revisão de dados passados, e isso costuma fazer com que os erros de projeção possam ser maiores. Na verdade, e quase uma incógnita o que pode sair do resultado, mas mantenho a percepção de que o terceiro trimestre foi fraco, devendo apresentar queda na margem por causa de indústria e serviços – destaca Vale.
O recuo previsto para o terceiro trimestre, no entanto, deve ser um ponto fora da curva, em um ano em que a economia teve resultados trimestrais positivos, ainda que moderados. O risco da chamada recessão técnica – recuo por dois trimestres consecutivos – é baixo, apontam os analistas. Segundo Sérgio Vale, o quatro trimestre deve vir positivo, mas não deve empolgar:
– O quatro trimestre deve vir melhor, sim. Esperamos alta de 0,5% na margem (comparação trimestral) e, no ano, de 2,3%.
Fonte: O Globo
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