Os críticos dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva atribuíam os sucessos econômicos de seu governo muito mais à prosperidade pela qual o mundo foi aquinhoado durante quase todos os oito anos em que administrou o país que propriamente a suas iniciativas.
Dilma Rousseff o sucedeu no começo deste ano e já trocou sete ministros, a maioria deles acusada de cometer algum tipo de irregularidade. Também nesse caso, opositores do governo enxergam na atual presidente mais um certo pendor a transigir com seu antecessor – por ter aceitado suas “sugestões políticas” no ministério – que uma determinação de pôr as coisas em ordem, afastando de cargos importantes pessoas sobre as quais recaem suspeitas.
Dilma não teve a mesma sorte que Lula em relação às marolinhas que ensaiam princípios de tsunâmis financeiros nos Estados Unidos e na Europa e contaminam o mundo todo com o receio de recessão. Mas, assim como ele, soube manter os avanços socioeconômicos que herdou, ao mesmo tempo em que impõe seu estilo de fazer as coisas.
Uma boa mostra de como Dilma faz essas coisas está nas 18 páginas de retrospectiva da presente edição de Brasil Econômico, assim como um importante sumário do que de mais importante ocorreu no campo político-econômico e dos negócios neste país e no mundo.
A democracia brasileira segue os passos da economia do país. Ainda estamos aprendendo a exercer aquela e a gerenciar esta. O aprimoramento das instituições que regem ambas tem de ser um objetivo comum a todos nós, brasileiros. A intolerância com a corrupção e com o desmazelo com os recursos públicos se acentua na sociedade.
Exige-se hoje muito mais clareza sobre o que é feito com o dinheiro arrecadado com os impostos que todos pagamos e anseia-se por mais transparência dos atos de todos os poderes constituídos. Não se admite mais que nenhuma autoridade se escude em algum tipo de sigilo para não dar explicações de condutas que não condigam com sua função pública.
Por mais que se sintam blindados pela aprovação popular de sua administração, Lula e Dilma não são imunes a críticas – na verdade, ninguém é. Criticar governos é uma das práticas mais comuns e fáceis de aprender em qualquer parte do globo. Não que não mereçam.
É sempre bom que haja uma voz destoante para lembrar chefes de Estado, seus assessores, políticos e juízes de que há outras pessoas dispostas a fiscalizar seus passos. Mas criticar apenas com o intuito de desqualificar soa mais como dor de cotovelo.
Houve governantes no Brasil que, mesmo em tempos de bonança, não foram capazes de promover pelo menos um pouco de distribuição de riqueza no país. A democracia só terá sentido se, de fato, vier para todo o povo, não somente para parte dele.
Fonte: Brasil Econômico, 26/12/2011
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