Começo pela colonização portuguesa. No Brasil, ao contrário das colônias espanholas, não era permitido fundar instituições de nível superior, tampouco imprimir livros ou periódicos, cuja importação era rigorosamente controlada. Em 1822, quando da independência, não havia nenhuma escola de ensino superior em funcionamento no país, enquanto na América espanhola já existiam 31 universidades. Foram 322 anos de total obscurantismo.
Não tenho intenção de discutir e mostrar as sucessivas reformas de ensino que foram implantadas desde a independência. Os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 92% dos brasileiros de 15 a 19 anos, das famílias mais pobres, terminam a 1ª serie do ensino fundamental, mas só metade deles completa a 5ª serie e 12,4% da população ainda era analfabeta. No ensino médio, a expectativa de conclusão é de 74%. Somente 6% dos alunos que iniciaram o curso fundamental terminaram o curso superior. O panorama atual do ensino brasileiro é dos mais desalentadores.
Nas escolas, principalmente no interior, reside a maior desgraça do nosso ensino… O elevado índice de faltas dos professores, causa o desinteresse dos alunos pelas matérias em ensino. Há municípios em que as escolas ficam fechadas seis meses no ano escolar. A origem de tudo está no nosso defeituoso processo tributário em que a União fica com a parte do leão e, os municípios com as migalhas.
Não se pode mais aceitar que os professores não seja bem remunerados. Em escolas oficiais, todos os professores teriam que trabalhar em tempo integral. Mesmo quando não estando dando aulas, deveriam ficar à disposição dos alunos em seus gabinetes nas escolas. Só assim poderemos melhorar a qualidade do ensino. Precisamos acabar com a sinecura do professor catedrático. Resquícios do passado colonial. Os professores devem ser regidos pelas leis trabalhistas existentes no país, iguais a qualquer atividade empregatícia. Cabe à direção da escola contratá-los ou dispensá-los, conforme suas aptidões. É o sistema que observei nos Estados Unidos onde tirei meu mestrado em engenharia naval.
Outro ponto que desejo focalizar é a questão do ensino profissionalizante do 1º grau. Acho que foi um erro a terminação das escolas de artes e ofícios como chegamos a ter no passado. Os esforços do SENAI e do SENAC não são suficientes. Sugiro a seguinte escalada dos jovens rumo à especialização:
1) Escolas de artes e ofícios: operários especializados
2) Ao termino do 1º grau: Opções de escolas técnicas; ou: 2º Grau – escolas superiores.
Em outras palavras: O jovem entraria diretamente nas escolas de artes e ofícios e se tornaria um operário especializado ou entraria para uma escola normal de 1º grau e, terminando o 1º grau ou iria para uma Escola Técnica ou para uma Escola de ensino superior. Sempre advoguei nestas páginas o aumento de escolas técnicas nos Municípios -vitais para atração de industrias para o interior.
Em país de dimensões continentais como o nosso, onde as condições regionais muitas vezes pedem soluções diferentes, a centralização das decisões nas mãos federais, como hoje estamos verificando no Brasil, talvez seja a causa de todos os erros. O ENEM é uma mostra disto. Estamos insistindo na quantidade em detrimento da qualidade. E, esta qualidade repousa principalmente em mestres qualificados, com remuneração à altura de sua profissão, para que possam dedicar-se integralmente à tarefa de moldar as gerações que comandarão os destinos deste país, indicando-lhes os rumos e os caminhos a percorrer. Porque como dizia Thiercellin, filosofo francês: “O ensino só dá a topografia da ciência, só indica os caminhos os caminhos e os modos de por eles transitar; e o viajante que quiser bem conhecer o país, não será dispensado de visitá-lo”. Que esta topografia seja ao menos bem ensinada no Brasil.
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