O desenvolvimento econômico e social de uma nação está diretamente relacionado com o nível de escolaridade de sua população. Sem gente capacitada, não é possível concorrer em pé de igualdade com países como a Coreia do Sul ou com os demais membros do Bric e muito menos manter o crescimento do Brasil em patamares justos e aceitáveis.
Neste ano, o processo eleitoral favorece o debate sobre as prioridades estratégicas do Brasil para o futuro. Não há dúvida de que a educação precisa estar na pauta dos políticos e nas plataformas dos candidatos, com propostas e ações claras a serem tomadas. Some-se a isso a crescente consciência da sociedade sobre o tema, conforme o estudo realizado recentemente pelo Ibope, a pedido do Movimento Todos pela Educação e da Fundação SM. Em 2007, o tema ocupava a sétima posição na lista daqueles que são considerados os maiores problemas do país e, neste ano, evoluiu para o terceiro lugar no ranking. Isso se deve, principalmente, ao forte engajamento dos veículos de comunicação, buscando mobilizar as pessoas em prol da educação. O movimento Todos pela Educação atua fundamentado em cinco metas a serem alcançadas até 2022, ano em que se comemora o bicentenário da Independência do Brasil. O movimento desenvolve, entre outras ações, um amplo programa de mobilização da sociedade, por meio da articulação de ações de sensibilização para o tema e a prestação de informações sobre como cada cidadão, empresas, entidades e governos podem contribuir no processo.
Precisamos, por exemplo, que todas as crianças até oito anos de idade sejam alfabetizadas, de forma a buscar romper com o ciclo de pobreza e de analfabetismo para as próximas gerações. Atualmente, o país possui mais de 30 milhões de analfabetos funcionais entre 15 e 64 anos, ou seja, pessoas que leem, mas não entendem devidamente o que está escrito.
Portanto, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos. Acima de tudo, a melhoria da educação pressupõe transformar práticas históricas. Em primeiro lugar, estão as técnicas de gestão, que precisam ser cada vez mais incorporadas às escolas, buscando a máxima eficiência no atendimento dos alunos e no gerenciamento dos recursos investidos. Além disso, é preciso reconhecer e valorizar os melhores desempenhos dos profissionais da educação, a partir de um sistema de meritocracia, assim como aprimorar a sua formação nas áreas em que há maior deficiên- cia. Entretanto, não podemos esquecer que tecnologias de gestão e meritocracia não substituem a importante e necessária relação emocional entre professor e aluno.
No passado, o Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado brasileiro a tomar consciência sobre a importância de uma educação séria, responsável e competente. Particularmente, é inadmissível que o Rio Grande do Sul não tenha a melhor educação do país, considerando-se toda a sua história e a importante contribuição da visão positivista de Julio de Castilhos e Borges de Medeiros. Um bom exemplo é o trabalho de Pernambuco, que, nos últimos anos, foi o quarto Estado brasileiro que mais evoluiu em relação às metas do Todos pela Educação, graças à utilização de ferramentas de gestão para o acompanhamento total do ensino.
Nesse importante debate, é fundamental manter sempre em mente que as crianças brasileiras devem ser a prioridade e, consequentemente, toda a estrutura existente deve atuar em benefício delas. Colocar a mudança em prática é viável. Depende da vontade de todos.
(Zero Hora, 27/06/2010)
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