Há um enorme movimento para trazer novas empresas para o mercado de capitais, usando todos seus instrumentos disponíveis: de dívida ao mercado acionário. Iniciativas diversas tomam forma através de entidades de classe, escritórios de advocacia, empresas independentes, consultorias especializadas e até mesmo o governo, em menor parte.
Mecanismos para facilitar às empresas acesso ao mercado de capitais, como o BovespaMais, a flexibilização da CVM quanto às exigências de listagem para empresas de menor porte e longas discussões dão o norte para os planos ambiciosos dos setores. Seminários nos mais diferentes lugares e uma ampla rede debates influenciam o caminho dessas aspirantes ao mercado de capitais.
Por outro lado, apesar da luta exaustiva de todos os setores que buscam essas propostas, o governo raramente tem colaborado no sentido de promover um ambiente com infraestrutura, estabilidade, agilidade e confiança. A reputação do país não está de acordo com aquilo que investidores e empresários, de um modo geral, gostariam.
Paralelamente a toda essa discussão, empreender virou moda. Uma onda de micro e pequenas empresas está surgindo. Acabamos de sediar o Fórum do Empreendedorismo Global que trouxe o Rio de Janeiro ao holofote, e outras redes e instituições estão se esforçando para transformar a cidade numa capital do empreendedorismo. Sem dúvida, empreender nunca foi um sonho tão almejado.
Infelizmente, correndo na contramão dos esforços desenvolvimentistas, nossos estudantes estão cada vez mais vulneráveis a um ensino decadente e na maioria das vezes ultrapassado. São vítimas constantes de ideologias contrárias ao progresso, fazendo com que, além de não engajados na economia real, levantem bandeiras que muitas vezes não sabem sobre o que significam.
Se o mercado de capitais quiser crescer no país, acredito ser essencial que o empreendedorismo não seja apenas “moda” e que, acima de tudo, comecemos a prestar mais atenção sobre o que está sendo ensinado nas escolas e universidades. Deveríamos cobrar uma educação que apresente opções de crescimento, que mostre aos jovens o que é empreender e quais os caminhos possíveis para isso. Conjuntamente, quebrar dogmas sobre o mercado de capitais: jogo de loteria, elitista ou simplesmente algo destrutivo? Há algo mais democrático que um funcionário ter a opção de investir ou ter ações da empresa que trabalha?
O que entendo como pilar mestre nesse processo é a transformação do jovem em um potencial empreendedor, investidor ou executivo, apresentado a ele o mercado de capitais como alternativa de crescimento – desde o Venture Capital até listagem em Bolsa. Tornar mensurável e palpável o caminho que há a sua frente certamente resultará, a médio e longo prazo, num número crescente de empresas e em investidores melhor informados e capacitados. Portanto, criar recursos humanos qualificados com mentalidade empreendedora, baseados na competitividade e meritocracia, informado sobre as opções de crescimento é a melhor maneira de desenvolvermos o Brasil.
Fonte: “Revista IBEF”, junho de 2013.
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