Por José Luiz Tejon
Hoje, 10 de maio, Dia Mundial do Frango, custos crescentes, 11 unidades exportadoras fora da lista para Arábia Saudita e o setor pede informação antecipada de exportações, assim como ocorre em outros grandes produtores de grãos. E avisa: o repasse está em curso e novas altas impactarão produtos ao consumidor.
Hoje se comemora o Dia Mundial do Frango. Os custos este ano cresceram 43,4%, com milho mais do que dobrando, 115% e o farelo da soja 60%. Os repasses ao consumidor não acompanharam a alta dos custos, porém Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), diz: “por isso é inevitável que novas altas alcancem as gôndolas dos supermercados nos próximos meses”.
A ABPA pede ao governo reduzir os efeitos do quadro perverso de que o país enfrenta, de forte especulação com oferta de insumos disponíveis, mas preços que impactam diretamente a inflação e a capacidade de compra do consumidor, isso justamente em meio a uma das mais fortes crises econômicas e sociais contemporânea, diz Ricardo Santin.
Entre as medidas solicitadas pela ABPA estão a informação antecipada de contratos de exportação oficiais do governo brasileiro. Essa medida, segundo Santin da ABPA, não significa controlar exportações e sim dar transparência em um mercado que carece de informações, objetivando o planejamento industrial.
O setor pede uma fonte idônea e sugere a Conab como exemplo, ou outro órgão no Ministério da Agricultura que permita as empresas brasileiras o acesso a essas informações, como ocorre em outros países exportadores de grãos. Esses índices, segundo a ABPA, impactam também 70% da produção de aves que ficam no mercado interno.
A ABPA, frente à grave crise de custos de insumos, está pedindo também viabilização das importações de insumos provenientes de países extra Mercosul, desonerações referentes à cobrança de PIS e Confins, entre outros. Em síntese significa que quem não entende o complexo sistema de agronegócio se arrepende. Se o frango tem comida muito cara, não suporta e ficará mais caro, portanto esse setor onde somos líderes mundiais na exportação e o 2º maior produtor do planeta não vive sem planejamento estratégico e industrial da ração.
Velha expressão antiga, para as galinhas da-lhe milho. Está na hora das entidades que reúnem os grãos, a produção, a indústria e a comercialização se pacificarem e criarem esta integração e cogestão do agronegócio das aves. Enquanto isso, no nosso segundo maior cliente internacional, a suspensão de 11 unidades de frangos exportadoras para a Arábia Saudita, encontram a palavra surpresa tanto do governo brasileiro, quanto das empresas, a JBS líder mundial de proteína com 7 dos 11 estabelecimentos suspensos.
A ABPA disse que apoia o governo no esclarecimento. Uma explicação que circula é a do início da produção local de frangos pela empresa Saudita Almarai, que está investindo US$ 1.8 bilhões na produção local. A lista enviada pela Saudi Food & Drug Authority simplesmente exclui essas 11 plantas e não dá maiores explicações. Por outro lado, Pedro Parente, CEO da BR Foods, em encontro onde participei disse que a marca Sadia tem percepção e prestígio nos mercados árabes. A Sadia continua autorizada, talvez seja um bom alerta de que marketing & agronegócio precisam andar juntos.
O Brasil é o maior exportador mundial de frango, o 2º maior produtor, e tem um consumo per capita de 45,27 kg considerado 4 vezes maior do que a média mundial. Em 2020 estamos tendo um recorde de produção com 13 milhões 845 toneladas, sendo 31% da produção voltada ao exterior. Surpresa. Perplexidade. Na Arábia Saudita e custos apontando para aumento de preços no mercado interno.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.
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