O administrador Vinícius Mendes, de 32 anos, passou a infância em Vila Nova, um bairro periférico da cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Com 14 anos, começou a empreender. Vendeu crepe suíço e teve uma promotora de eventos. Chegou a dar consultoria sobre como abrir uma empresa para os amigos do seu bairro. No entanto, logo, veio sua primeira dificuldade: “Eu quebrei com a promotora. Não sabia muito gerir os meus ativos e fiquei com uma dívida de R$ 1 milhão”, diz o empreendedor.
Quando terminou a faculdade, decidiu pesquisar sobre a realidade das micro e pequenas empresas.
Foi para Buenos Aires estudar esse cenário na capital argentina e depois voltou para comparar com o contexto brasileiro.
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Começou, assim, a desenvolver uma metodologia para ajudar os empreendedores das comunidades a tirar o seu negócio do papel. “Eu tinha muitas dúvidas de gestão no meu negócio, fiquei pensando que eles também teriam”, diz.
Esse foi o início da Agência Besouro. Em 2007, Mendes prestava algumas consultorias pagas focadas em empreendedores de periferia. Sua metodologia procura usar termos coloquiais para explicar como fazer um plano negócio e gerir uma empresa. “A metodologia tem 10 passos simples. Não usamos nenhuma expressão da administração convencional, como marketing e balanço”, afirma.
Em 2016, decidiu mudar seu modelo de negócio. Não iria mais cobrar dos empreendedores.
Mas para monetizar a empresa, fez parcerias com entidades públicas e privadas, que entram em contato com a Besouro e propõem um projeto. “O Governo Federal nos contratou para capacitar empreendedores nas 177 cidades mais violentas do Brasil e capacitamos 10 turmas por semana”, diz o empresário.
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A agência também fechou um contrato com o Itaú para capacitar empreendedores que querem investir em negócios com bicicletas.
A Besouro trabalha com oito empresas privadas e 189 prefeituras. Geralmente, os contratos são anuais e cada turma rende em média R$ 20 mil. O curso dura cinco dias e é ministrado por professores que possuem um vínculo com a comunidade que receberá o projeto – eles podem ter um negócio lá ou participar de uma ONG.
A agência ensina os empreendedores a divulgar seu negócio nas redes sociais e estabelecer metas e prazos. Depois das aulas, é hora de colocar os conhecimentos em prática.
Mendes só recebe das instituições parceiras da Besouro se os alunos de fato criarem uma empresa. Desde 2016, já foram criados 4,2 mil negócios e no último ano, a empresa faturou R$ 700 mil.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”