Provavelmente a partir de agora o clima eleitoral esquente um pouco mais. Porém, até o momento ele ainda está gelado. A soma de potenciais votos “brancos” ou “nulos” e de eleitores que “não sabem” em quem votar aparece em segundo lugar na preferência do eleitorado no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, Salvador e Recife.
Nas principais capitais, apenas em São Paulo o interesse pelas eleições é maior. Porém, a soma dos votos “brancos” e dos eleitores indecisos aparece em terceiro lugar, colado no percentual dos líderes.
Além disso, há de se ressaltar que os dois candidatos que encabeçam a corrida são nomes fresquinhos na cabeça do eleitor, pois se beneficiaram pelo recall de eleições importantes disputadas há dois anos.
O fenômeno é natural, já que o clima econômico do país é bom e não há grandes questionamentos na ordem do dia. Salvo o mensalão, que é tema para as elites. O “povão” não está muito interessado em associar aspectos negativos do julgamento com as eleições, nem mesmo com a conjuntura.
A apatia eleitoral se deve também, em grande parte, ao fato de a maioria dos eleitores ainda desconhecerem os candidatos e suas propostas. Dessa forma, a propaganda eleitoral gratuita, que tem início esta semana, deve mudar consideravelmente esse quadro.
Será a oportunidade de candidatos se mostrarem para um número maior de pessoas e apresentarem suas credenciais.
De modo geral, o eleitor brasileiro nutre imensa desconfiança da política e procura se relacionar da forma mais pragmática possível com ela. Daí as agendas predominantes serem específicas e pontuais.
Notadamente quando não existe algo de extraordinário que promova a união dos interesses da maioria da população. Temas como saúde e segurança públicas poderiam mobilizar. Mas caem na esfera local, já que as percepções variam de acordo com a capital e as responsabilidades são percebidas de forma difusa e compartilhadas entre as três esferas do governo.
O próprio discurso dos postulantes reforçam essa visão. Em alguns casos, o prefeito diz que a responsabilidade por tal área é do governador, que às vezes devolve a culpa à gestão municipal ou a remete para o governo federal num jogo de empurra-empurra.
Outro aspecto que chama a atenção é o fato de, nas principais capitais, não existir um padrão partidário em termos de liderança. No Rio de Janeiro, a dianteira está com o PMDB. Em São Paulo, está dividida entre o PSDB e o PRB. Em Belo Horizonte, está com o PSB. Em Salvador, com o DEM. No Recife, com o PT e, em Porto Alegre, quem lidera é o PDT.
A fragmentação partidária indica que não há interesse do eleitor em partidos. A escolha é orientada por aspectos pessoais, agendas locais e desempenho do prefeito em exercício.
O eleitor partidário ainda é pouco relevante no cenário das eleições municipais. O multipartidarismo brasileiro é de difícil compreensão nos recantos interioranos. Com tantas legendas, o eleitor prefere conhecer os candidatos.
Mesmo que as articulações entre os protagonistas nacionais estejam refletidas nas composições e movimentações municipais nas capitais, as eleições continuam sendo locais para o eleitor.
Paradoxalmente, os resultados terão imensa influência tanto na segunda etapa do governo Dilma quanto no que se refere à sua sucessão nas eleições de 2014.
Fonte: Brasil Econômico, 21/08/2012
Prezado Murilo: sua analise so corrobora com o fato de sermos um povo pouco politizado.Siglas ou nao, dificilmente o povo entende qual o objetivo de um partido politico. Tecnicamente, apenas se sabe que, para voce ser candidato, tem que estar vinculado a uma sigla. Claro, isso se faz necessario para atender a lei, para que a coisa seja organizada.No entanto, pensar na pessoa acima da sigla, pode ser encarado de forma positiva tanto quanto negativa. Positiva, porque se entende que vemos o ser humano antes de uma sigla. Esse ser humano pode ser uma boa pessoa boa mas a sigla o corrompe. Sao as tais “diretrizes partidarias”. Este aspecto, nao visto pelo eleitor, leva a votar em uma pessoa ´sem perceber que, quem na verdade “mandara” é o partido,ou a junçao de varios partidos; e estes, no Brasil, infelizmente, parecem atendem muito mais a interesses proprios do que interesses coletivos. Acredito que so atingiremos o inverso disso, quando, efetivamente, tivermos um povo politizado.
A sabedoria popular não é tão limitada quanto se pensa, se voltarmos na história, todos partidos, sem exceção já foram algozes na prática de corrupção. Se pautar na vida política do candidato é o mais sensato do que associar tudo o que ocorre ou ocorreu em determinado partido com o candidato. O mensalão mesmo, em SP estão os dois partidos mensaleiros concorrendo a prefeitura da capital, se o povo for por esse aspecto, nenhum dos dois mereciam estar disputando…
Há a polarização partidária, porém creio que há excesso de siglas, deveria haver dois lados apenas, dois partidos apenas, o da direita e o da esquerda, mais ou menos como nos EUA, talvez assim a população saberia qual lado escolher…
A polÍtica e um livro que transborda de siglas rico em canditados que sÓ prometem porisso o povão como diz MURILO tem se esfriado e tende a congelar.