A prestação de contas parcial dos candidatos a prefeito em todo país mostra que as campanhas conseguiram doações que, até agora, somam cerca R$ 485 milhões. A proibição das doações de pessoas jurídicas afetou o montante obtido pelos candidatos. O valor arrecadado é cerca de 40% menor que o registrado na prestação de contas parcial da eleição de 2012 (já considerando os valores corrigidos).
Embora com menos fonte de financiamento, há casos de campanhas que estão arrecadando acima da média em todo país. O cálculo da receita total média (valor arrecadado dividido pelo número de eleitores) permite algumas comparações entre as cidades. O dado indica que municípios no Centro-Oeste e no Norte apresentam um volume de recursos que foge do padrão. É o caso das campanhas em Bom Jesus do Tocantins (TO) que apresentam a maior relação receita/eleitor do país: cerca de R$ 359. Em segundo lugar vem o município de Mateiros, também no Tocantins (R$ 311 reais/eleitor). Há registros também de campanhas com arrecadação acima da média no interior do Nordeste e dos estados do Sudeste. Em todo país, a média arrecadação/eleitor é de cerca de R$ 3,50.
(A média arrecadação/eleitores utilizada no mapa não representa o valor da doação de cada eleitor para as campanhas, já que que considera todas as fontes de recursos. Mais abaixo, apresentamos o gráfico com a proporção das doações de pessoas físicas nas campanhas considerando o porte das cidades)
Com o maior número de candidatos a prefeito em todo país, o PMDB lidera o total arrecadado até agora: R$ 82 milhões. O partido é seguido pelo PSDB (R$ 70,8 milhões) e PSB, com R$ 43 milhões. O PT ocupa a sétima posição com R$ 27 milhões arrecadados nas campanhas para prefeito.
Mais dinheiro de pessoas físicas nas pequenas cidades
O tipo de receita que prevalece no financiamento de campanha é o de pessoa física (39%, cerca R$ 193 milhões), seguido dos recursos dos próprios candidatos, com participação de 36% no total arrecadado (R$ 175 milhões). Os recursos oriundos dos partidos alcançam 24% das receitas das campanhas (R$ 116 milhões). As doações pela internet não pegaram no Brasil. A participação desse tipo de doação é de apenas 0,06% (R$ 294 mil).
Chama atenção no levamento feito pelo Núcleo de Dados do “Globo” o tipo de receita das campanhas para prefeito considerando o porte das cidades (nesse cálculo, considera-se o número de eleitores de cada município). Pelo gráfico “Arrecadação total segundo o tamanho do eleitorado”, fica claro que os partidos estão aplicando mais recursos nas campanhas das grandes cidades. À medida que reduz o porte do município, reduz também a participação dos recursos oriundos dos partidos.
Em sentido inverso, nas médias e pequenas cidades prevalecem os recursos de pessoas físicas e os desembolsos realizados pelos próprios candidatos. Na prática, essa relação mostra que as campanhas conseguem mobilizar mais eleitores nos pequenos municípios. É também um indicativo de que quanto mais cara a campanha, caso dos grandes centros, maior é a dependência de grandes somas de recursos. Ou seja, os partidos, possivelmente, passaram a substituir as contribuições das grandes empresas nos grandes centros.
Além do tipo de doação, é possível também identificar a origem dos recursos (público ou privado), ou seja, a natureza dos recursos recebidos pelos candidatos. O TSE divide em dois: Fundo Partidário e Outros, que inclui todo dinheiro repassado por pessoas físicas, recursos próprios etc. Na prática, é uma forma de o cidadão saber como os recursos públicos (Fundo Partidário) são utilizados no financiamento das campanhas.
O Núcleo analisou também o uso de recursos do Fundo nessa campanha. Como “O Globo” mostrou no domingo, a participação do Fundo nas receitas das campanhas subiu bastante este ano. Em 2012, não passava de 4%, e este ano já chega a cerca de 22%.
Dos partidos que mais lançaram candidatos a prefeito este ano, o PT é quem mais utiliza o Fundo Partidário para financiar suas campanhas. O cruzamento pelo porte da cidade revela que o dinheiro do Fundo Partidário do PT tem sido transferido mais para as campanhas nos municípios com mais de 1 milhão de eleitores (65%). DEM, PMDB, PSDB, PSD e PP conseguem distribuir os recursos também para cidades menores. O PP adotou uma estratégia diferente. Os recursos do Fundo Partidário da legenda são distribuídos mais para as campanhas nas cidades médias e pequenas.
Fonte: “O Globo”.
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