As startups não são mais um fenômeno exclusivamente metropolitano — e as melhores ideias podem surgir dos negócios mais tradicionais. Foi o caso do ClubPetro, um software que reúne estratégias financeiras, de marketing e de vendas para postos de combustível.
Com sede em Itabira (Minas Gerais), a startup nasceu a partir da experiência da família Pires com seus dois postos de combustível. As estratégias que praticavam foram ampliadas a postos próximos — e a média de crescimento dos postos que implementaram o sistema foi de 18,7% em 90 dias de uso.
“Geramos um grande impacto em um mercado de alto volume e margens costumeiramente baixas”, afirma o sócio Breno Pires. Até o final deste ano, o ClubPetro pretende ir de 700 a 1.000 postos de combustível atendidos.
De negócio familiar para startup
Formado em administração, Breno Pires trabalhou com consultoria de gestão antes de enxergar uma oportunidade de negócio nos dois postos de combustível da família. O avô fundou o primeiro posto em 1939.
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A ideia de criar o ClubPetro só veio em 2011. O posto de combustível tinha um programa de fidelidade terceirizado e não conseguia acessar os dados de seus clientes. Para formular estratégias de venda mais personalizadas, o primo Ricardo Pires desenvolveu um programa própria de fidelidade para os dois postos de combustível. Os clientes se cadastravam, pontuavam a cada litro abastecido e ganhavam prêmios como lavagem do automóvel.
A expectativa era passar de 220 mil para 250 mil litros de combustível vendidos em seis meses, mas o número saltou para 570 mil litros. Entre 2011 e 2015, o ClubPetro rodou apenas nos postos da família.
“Alguns postos da região nos procuraram, vendo que crescíamos mesmo nos anos de recessão econômica. Instalamos nosso software nesses postos próximos, em cidades como Mariana e Ouro Preto. Vimos resultados, mesmo sem ainda estarmos estruturados como uma empresa separada dos nossos dois postos”, diz Breno, que se tornou sócio de Ricardo.
Em 2016, o software do ClubPetro foi adaptado para servir a vários postos de combustíveis e criou-se atendimento e marketing específicos. O ClubPetro começou aquele ano com seis clientes e terminou com 70 postos atendidos.
Em 2018 e 2019, o empreendimento participou do programa Scale Up Endeavor, voltado a startups de alto crescimento. Hoje, a startup atende 700 postos e três milhões de clientes finais ativos. São oito sócios — sete deles da família Pires.
“Aceleradora de resultados”
De 2016 para cá, o ClubPetro se reposicionou de programa de fidelidade para uma “aceleradora de resultados” dos postos de combustíveis.
O dono do posto acessa um painel de inteligência comercial, com dados de transações e procedência dos seus consumidores; quanto seus concorrentes cobram pelo combustível; quanto o aumento ou baixa do preço interferiria nas vendas; e as metas de cada frentista, com remuneração variável atrelada a vendas acima de 20 litros, de gasolina aditivada ou conectadas ao programa de fidelidade.
“Usávamos muitos indicadores de atendimento e produtividade no nosso posto e remunerávamos nossos frentistas com uma parte de renda variável. Foi uma estratégia que levamos aos nossos clientes”, afirma Breno. Apenas no último trimestre, entre abril e junho, dois bilhões de reais passaram pela ClubPetro.
Além de inteligência financeira, a startup também dá consultorias de marketing aos postos. Valida se o estabelecimento possui logos, banners e elementos de identidade visual e pode recomendar parceiros de produção desses materiais.
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O ClubPetro se monetiza tanto por uma taxa de implantação do sistema, de dois mil reais, quanto de uma mensalidade de mil reais para manutenção do sistema. Também vende serviços a mais, como campanhas por e-mail e SMS. Até o final do ano, o ClubPetro projeta passar de 700 para 1.000 postos atendidos.
Por trás do ClubPetro estão, além dos oito sócios, 94 funcionários. Breno espera que o ClubPetro mude não apenas vendas dos postos de combustíveis, mas o ecossistema de empreendedorismo da região, mais conhecida pela mineração. “Somos potencializadores de uma nova economia para Itabira, pautada pelo investimento em tecnologia”, diz.
Fonte: “EXAME”