O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, movimentou cerca de R$ 9,3 bilhões em um total de 12,2 milhões de transações em sua primeira semana de operação, conforme dados atualizados nesta noite pela autoridade monetária. Embora este seja só o começo da ferramenta, os bancos brasileiros já preparam uma série de produtos como, por exemplo, crédito, em uma ofensiva para rechear a plataforma e compensar a queda de receitas que virá a reboque da nova forma de transferir dinheiro no Brasil, a qualquer hora do dia ou da noite, sete dias por semana.
Na mira dos bancos – e também de fintechs -, está um contingente de mais de 36,635 milhões de usuários já registrados no Pix, segundo dados do BC. Do total, a maioria são pessoas físicas, com 34,474 milhões já usando o Pix, e 2,160 milhões de pessoas jurídicas. Somado, esse público tem em mãos mais de 83,490 milhões de chaves, dados que permitem o pagamento por meio da nova tecnologia.
Aline Bronzati, O Estado de S.Paulo
24 de novembro de 2020 | 05h00
O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, movimentou cerca de R$ 9,3 bilhões em um total de 12,2 milhões de transações em sua primeira semana de operação, conforme dados atualizados nesta noite pela autoridade monetária. Embora este seja só o começo da ferramenta, os bancos brasileiros já preparam uma série de produtos como, por exemplo, crédito, em uma ofensiva para rechear a plataforma e compensar a queda de receitas que virá a reboque da nova forma de transferir dinheiro no Brasil, a qualquer hora do dia ou da noite, sete dias por semana.
Na mira dos bancos – e também de fintechs -, está um contingente de mais de 36,635 milhões de usuários já registrados no Pix, segundo dados do BC. Do total, a maioria são pessoas físicas, com 34,474 milhões já usando o Pix, e 2,160 milhões de pessoas jurídicas. Somado, esse público tem em mãos mais de 83,490 milhões de chaves, dados que permitem o pagamento por meio da nova tecnologia.
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Bradesco
Bradesco foi o primeiro a ofertar crédito para as pessoas físicas por meio do Pix. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Para o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, a primeira semana do Pix foi bem-sucedida. “Tivemos um volume bem expressivo, e que demonstra a boa adesão dos brasileiros ao novo sistema de pagamento instantâneo”, afirma, em nota ao Estadão/Broadcast.
Se o Pix ainda é visto como uma ameaça por uns ou tem o potencial negado para outros, o fato é que o novo sistema realmente caiu no gosto da população brasileira. Nos estabelecimentos, a oferta de pagamentos agora é acompanhada de uma tríade: vai pagar com débito, crédito ou Pix ?
“O Pix reabriu uma janela de consumo [para os bancos]. Não é que não existia antes, mas agora está muito mais presente, no quiosque, na loja, em uma transferência de dinheiro. É uma mega oportunidade que esse novo meio pagamento colocou na mesa”, avalia o diretor de varejo do Santander Brasil, Marcelo Labuto, que prevê queda de receitas “marginal” como consequência do Pix.
Diante disso, os bancos começaram a pendurar uma série de produtos e funcionalidades atreladas ao novo sistema de pagamentos. Dentre as novidades, já ofertam pagamentos de boletos com o Pix, cartão e, até mesmo, empréstimos.
O Bradesco saiu na frente neste quesito. O banco foi o primeiro a anunciar a oferta de crédito a pessoas físicas no Pix, ainda na fase de testes do sistema. Esse é, conforme o vice-presidente do banco, Eurico Fabri, o primeiro de uma ‘esteira de produtos’ que serão lançados nos próximos meses.
Para o início de 2021, o Bradesco espera disponibilizar ainda crédito para pessoas físicas por meio do QR Code, os famosos quadradinhos lidos pela câmera do smartphone, e também empréstimos a pessoas jurídicas por meio da chave do Pix. “Vai certamente trazer um volume adicional de crédito. O Pix proporcionará uma formalização de dinheiro que hoje circula em papel moeda e que passará para o digital, atingindo camadas que estão fora do sistema e que precisam de crédito”, diz Fabri, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Estratégias
Além do Bradesco, os rivais Santander Brasil e Itaú Unibanco também preparam ofensivas em crédito no Pix. Entre os digitais, o Original, da holding J&F, já prevê lançar a oferta de empréstimos atrelada a transações no Pix. O foco é o mesmo: reter o cliente com mais produtos e compensar uma eventual perda de receitas.
De acordo com o diretor-executivo de TI, Produtos, Open Banking e Operações do Banco Original, Raul Moreira, a ideia é lançar em fevereiro o acesso ao crédito para transações originadas pelo Pix. “Outra ação é o incentivo ao uso do ix junto aos empreendedores”, diz, acrescentando que, no comércio, será mais fácil a implantação do Pix no segmento de microempreendedores.
As pessoas jurídicas já estão se rendendo ao Pix, conforme o presidente da Febraban, em um movimento já era esperado pelo mercado financeiro diante da inovação, conveniência e facilidade de uso da nova ferramenta, que promete revolucionar a forma de pagar no Brasil. Das mais de 83,490 milhões de chaves registradas no Pix até o momento, 79.811.850 são de pessoas físicas e 3.678.268 de jurídicas.
Para o especialista em meios de pagamentos Edson Santos, da consultoria CO.Link, a estratégia dos grandes bancos, de agregar novos produtos no Pix, faz todo sentido. Ainda é muito cedo, porém, para saber o resultado, de acordo com ele. “Banco e bandeiras [de cartão] parecem estar muito preocupados com o Pix, que deve ser uma ameaça”, afirma Santos, lembrando que há ainda aqueles na fase de negação, dizendo que o Pix não irá pegar, que há problemas de segurança, por exemplo.
O sócio do escritório Mattos Filho e especialista em tecnologia, Thiago Luís Sombra, também considera o contra-ataque dos bancos positivo uma vez que é uma forma dos incumbentes do mercado atenuarem a queda de receitas que o Pix vai acarretar enquanto que, no caso das fintechs, o sistema será um multiplicador de ganhos. Ele lembra que as instituições financeiras têm à disposição as informações do cliente, o score de crédito, que também pode ser identificado por meio dos dados do Pix.
Fonte: “Estadão”, 24/11/2020
Foto: Reprodução