Estamos nos aproximando para o fim do pleito eleitoral de 2010. A cada eleição que presencio, verifico quão medíocres e ignorantes se tornam as pessoas por ocasião das campanhas, incluam-se nessa leva todos os candidatos.
O que me instou a escrever esta crônica foi um e-mail recebido de uma amiga, onde consta uma suposta carta de Pedro Bial pregando o voto em Dilma Roussef. Até ai nada demais, o problema foram as respostas, como a mensagem foi enviada abertamente para uma grande lista, alguns começaram a responder para “todos” colocando suas posições.
Não há nada mais estúpido que alguém que se ache melhor que os demais, portando-se como senhor da razão. Oras, tem que ser muito biltre para querer dizer que entre José Serra e sua concorrente há muita diferença, não, não há! Infelizmente estamos diante de dois candidatos desenvolvimentistas, populistas e de centro esquerda. Suas divergências nas propostas são mínimas. Em meu entendimento, a única diferença relevante é no quesito das liberdades individuais, e é ai que está o X da questão, e eu já abordei o tema em artigo recente.
Ambos possuem inúmeras denúncias que os desabonam como entes públicos, ambos têm um passado na luta contra a ditadura militar, ambos mentem quando dizem ter lutado pela democracia. Está certo que Serra era da ala moderada, mas nenhum marxista luta/lutou pela liberdade. Aliás, socialismo e liberdade são coisas excludentes! Querer dizer o contrário é jogar na lama toda a história do século XX, distorcendo o que de fato ocorreu. Dirão alguns que as idéias de Karl Marx nunca foram colocadas em prática, que foram distorcidas, isso é balela. Todo planejamento ou ideia, quando de sua aplicação, necessita de adaptações e correções. A coletivização só funciona se for imposta suprimindo a individualidade e a liberdade, na forma de regimes autoritários e fazendo lavagem cerebral de seus seguidores.
E parece exatamente isto que acontece com militontos nas eleições. Seus candidatos passam a ser onipotentes, onipresentes, imunes a críticas, verdadeiros deuses. Vira briga de torcida, às favas com a razão! Ao invés de debatermos projetos e soluções para os gargalos da nação, ficamos vendo quem é o “menos pior”, qual sua religião, sua sexualidade; sua capacidade gerencial e seu projeto para o Brasil são relegados a segundo plano.
Somente numa nação atrasada e ignorante que temas como a privatização e o aborto são coisas que denigrem alguém ao ponto de comprometer o voto. Oras, aborto já se tornou uma questão de saúde pública há anos, e a grosso modo, já está “legalizado” há tempos. Quanto às privatizações, somente um energúmeno incompetente é que tem medo delas, a propósito, exemplos de que elas foram muito mais benéficas do que ruins pululam por todos os cantos – a própria internet e nossos celulares o são.
O governo Lula, demagogicamente critica as privatizações, mas também as fez, mudou apenas o nome para parceria público privada. O tal do pré-sal já está todo licitado, prontinho para ser explorado pelos “donos do capital”.
Prometem-se universidades, mas se esquecem que nosso calcanhar de Aquiles é justamente o ensino fundamental e médio. Nem professores decentes possuímos, para que mais prédios formando pessoas que nunca leram um livro, que não conseguem nem interpretar um simples texto? Universidade pública e gratuita para ricos? São nossas contradições, permeadas a discursos demagógicos.
Qualquer gestor capaz sabe que o país necessita de reformas estruturais urgentes, como a política e da previdência, mas ninguém as fez até o presente, e provavelmente ainda não farão tão cedo.
Lula está saindo, com aprovação recorde e jogando no ralo todas as instituições democráticas a cada palavra que profere. O país está melhor do que há dez anos? Sim está, mas poderia estar muito mais. Economia não é uma ciência exata, mas existem medidas que parecem, ou deveriam ser, óbvias.
Eu não torço contra o país, seja quem for o vencedor, rogo votos que seja melhor do que o atual governante – o que não é difícil de conseguir, diga-se -, mas não dá para relevar o histórico de cada um.
O próximo Presidente terá muitos desafios, terá que consertar todo o estrago até agora feito, terá que enxugar a máquina pública, chutando os comissionados – incompetentes por natureza -, acabar com o paternalismo, resgatar a ética do cargo, o respeito ao erário e estimular a liberdade, a transparência e respeitar a independência dos poderes.
Muitos dizem que a democracia só é plena com a alternância do poder. Infelizmente, mesmo que Serra seja eleito – o que é pouco provável -, não vislumbro tanta “alternância” assim. Mas, como já declarei anteriormente, será um voto de nariz tapado, engolindo sapos e torcendo para estar enganado
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