Quando entraram no mercado de trabalho, Hendel Favarin, Sidnei Junior e Josef Rubin perceberam que a faculdade não tinha ensinado tudo o que seria necessário. Assim, decidiram lançar uma escola que ajudaria outros executivos a desenvolver qualidades mais práticas do que teóricas, a Conquer. Três anos depois, a empresa tem 11 unidades espalhadas por oito estados e está chegando aos R$ 23 milhões de faturamento em 2019.
Favarin e Junior se conheceram na faculdade de direito e já tinham empreendido juntos antes. “Tínhamos vontade de criar uma solução para transformar a vida das pessoas”, diz Favarin. Dentro de suas carreiras de advogados, esse processo era muito mais lento e burocrático e, por isso, a solução para a dupla seria abrir uma startup.
A primeira ideia foi um aplicativo de restaurantes para que os usuários descobrissem o que existe na região, lançado em novembro de 2014. O projeto deu certo e chegou a sair de Curitiba, onde os sócios estão localizados, mas acabou fechando em dezembro de 2017 — quando a Conquer já estava funcionando. “O app foi nossa entrada no ecossistema empreendedor”, afirma Favarin.
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Em março de 2016, há dois anos já empreendendo, os sócios perceberam a falta de temas como liderança, produtividade e inteligência emocional na universidade. Os dois empreendedores foram então conversar com Rubin, amigo de infância de Junior e um executivo de sucesso. Cinco meses depois, os três lançavam a Conquer.
Quando abriram as portas, os três tinham certeza de que sentiam aquela necessidade, mas não sabiam se encontrariam clientes com o mesmo objetivo. “Conseguir o primeiro aluno foi nosso maior desafio”, diz Favarin. Para conseguir encher as salas, os sócios distribuíram panfletos por toda a cidade, fizeram postagens em todas as redes sociais e ofereceram até um workshop gratuito.
Favarin afirma que os empreendedores mandaram mais de 10 mil mensagens no LinkedIn e que cerca de 400 pessoas apareceram. Destas, 36 se inscreveram e formaram as primeiras turmas da empresa. Desde então, a marca só cresce. “Independente da área de atuação, o mercado carece dessas habilidades”, diz Favarin.
Mas o diferencial da Conquer não está apenas nos temas das aulas, mas também no modelo de ensino que a empresa desenvolveu. São três pilares principais. O primeiro é o conteúdo. “Vamos direto ao ponto”, diz Favarin. “Na primeira aula, o aluno já tem exercícios práticos”. De acordo com o empreendedor, a receita do sucesso da empresa é a grande aplicabilidade dos temas dados em aula.
O segundo pilar é a metodologia, totalmente diferente das escolas tradicionais. Em vez de provas, os alunos são testados com desafios que envolvem cases reais. Em cada um desses obstáculos, o cliente ganha pontos e os primeiros colocados ganham prêmios. “Gamificamos o processo porque não queremos que as pessoas apenas decorem, mas sim tenham resultados”, afirma Favarin.
Além do momento dentro da Conquer, a empresa decidiu estender a experiência. Para isso, lançou um aplicativo em que os alunos avaliam os professores anonimamente. Segundo Favarin, esse é um dos segredos do sucesso da marca. “Nos preocupamos muito com os alunos e tentamos aproveitar os feedbacks de forma rápida”, diz.
Os professores da casa representam o terceiro pilar. Todos eles e elas são obrigatoriamente profissionais do mercado, provenientes das melhores empresas e startups do Brasil. “Valorizamos mais a prática do que a teoria”, afirma Favarin. A maioria dos instrutores nunca tinha dado uma aula. Hoje, o processo seletivo conta com fila de espera, já que cada executivo passa por diversos critérios eliminatórios. “Queremos pessoas que entreguem conteúdo com metodologia e qualidade”, diz.
A criação dos cursos é feita com uma mistura desses três fundamentos, mais a opinião do cliente. Todas as aulas são desenvolvidas a partir de uma demanda dos alunos e com a ajuda de profissionais do mercado. Dessa forma, a empresa consegue oferecer exatamente o que está sendo discutido dentro das companhias.
Nenhuma das formações é, ou pretende ser, regulamentada pelo MEC — órgão do governo federal responsável pelo regimento das universidades brasileiras. “A ementa deles é muito quadrada”, diz Favarin. “Não temos interesse em seguir o regulamento deles.”
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O tíquete médio das aulas varia de acordo com a categoria. Os cursos focados em soft skills, como inteligência emocional, custam em média R$ 2 mil. Já os mais recentes, com especializações e formações, chega a R$ 5 mil. O público é formado principalmente por pessoas em seus 30 anos de idade que já estão no mercado e percebendo que a faculdade não ensinou o suficiente.
Em 2018, a Conquer faturou cerca de R$ 7 milhões e está chegando no R$ 23 milhões neste ano. Ao todo, são onze unidades em oito cidades, nenhuma franqueada. No segundo semestre de 2020, o objetivo é expandir ainda mais a marca por meio de recursos próprios. Segundo Favarin, a empresa nunca recebeu investimento externo.
A empresa oferece também treinamentos in company, ou seja, dentro de outras companhias. No próximo ano, Favarin e seus sócios esperam fortalecer essa frente e atingir ainda mais negócios. Até hoje, a Conquer já esteve em grupos como O Boticário, Globo, Votorantim e Google.
Fonte: “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”