Atualmente, o Brasil lidera a abertura de startups na América Latina. O empreendedorismo inovador vem ocupando espaço de destaque na sociedade, ajudando a resolver problemas reais da população. É neste cenário que surgem as govtechs, empresas que aliam a inovação empreendedora à gestão pública, trabalhando ao lado do governo para preencher lacunas do país. Um exemplo de organização que optou por este caminho é a BrazilLab, hub de inovação pensado para aproximar startups do poder público através de um programa de aceleração que, desde 2016, já alavancou mais de 50 negócios. O Imil conversou com o diretor da instituição, Guilherme Dominguez, que explicou como funciona este trabalho.
“Buscamos conectar empresas de base tecnológica que estão começando a desenvolver novos produtos ou serviços com prefeituras que querem se abrir à inovação e novas tecnologias. Definimos um tema e startups, que tenham soluções que se encaixem com esse tipo de problema que estamos querendo enfrentar, se apresentam”, explica. A partir daí, as empresas enfrentam 3 módulos presenciais: que são a contratação com o poder público, ou seja, entender como funciona uma licitação ou um pregão, por exemplo; a experiência de usuário, que basicamente é saber formatar seu produto tanto para o consumidor final quanto para o governo; e o módulo de impacto, onde são treinados e capacitados.
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Ao longo de 4 meses, as startups recebem monitoria de especialistas de várias áreas, como empreendedorismo, venture capital, de fundo de investimento, pessoas de outras startups que já cresceram e trabalham com o governo e professores de universidades renomadas. As 6 melhores vão para uma banca final composta por prefeitos, secretários estaduais e municipais, investidores, empreendedores e outras entidades que tenham interesse no tema, para fazer uma avaliação. As 3 que mais se destacarem ganham a possibilidade de fazer um piloto daquela solução desenvolvida ou acelerada ao longo do programa em uma das prefeituras parceiras, que são mais de 27 em todo o Brasil, e fica elegível a receber o investimento da BrazilLab.
“Vejo as govtechs como um movimento mundial que entende que a adoção de tecnologia pelo poder público não é simplesmente falar de tecnologia da informação, como víamos há dez anos, e sim, entender como ela pode atuar para melhorar os serviços públicos”.
As áreas que geralmente as startups aceleradas pela BrazilLab atuam são saúde, educação e gestão pública. Porém, para fazer parte do portfólio da empresa, não é necessário ter participado do programa. “Agora temos o Selo Govtech, uma plataforma dentro do nosso site em que startups que se identificam com o tema e que acreditam que estão aptas a vender para o poder público cadastram sua solução e passam a integrar nosso portfólio”.
Para Guilherme, o empreendedorismo pode e deve andar de mãos dadas com o poder público, pois além de inovar, traz dinamismo e facilidade para a administração. “Esta aproximação é fundamental, pois não vai existir desenvolvimento e prosperidade para a sociedade brasileira se não houver sinergia entre público e privado. Por isso pensamos em empresas de base tecnológica que já nascem com outra ética, outro suporte, outros valores, que, geralmente, são lideradas por pessoas mais jovens e que têm soluções de grande impacto no momento que a gente vive uma crise fiscal”, finaliza.