Não é de agora que mobilidade urbana e tecnologia se uniram e trouxeram para o nosso dia a dia mais praticidade, segurança e até mesmo economia. Mas, apesar de serviços como Uber e 99 serem abertos ao público, alguns usuários enfrentam dificuldades devido à falta de segurança em determinadas ruas e regiões do país. Pensando nisso, a empresária Aline Landim montou sua própria startup, voltada exclusivamente para atender moradores da Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. Ouça o podcast!
A JaUbra nasceu há dois anos de olho na grande demanda da região, que não era atendida pelos apps convencionais devido à segurança local. “Na época que os aplicativos pararam de atender Brasilândia, meu pai trabalhava como motorista deles e, por ser muito conhecido no bairro, decidiu montar uma cooperativa própria. Fez cartões de visita, distribuiu e, muito rapidamente, estava cheio de clientes, já que muita gente necessitava do serviço. A demanda foi crescendo e ele chamou cinco amigos para trabalharem juntos. Eu disponibilizei um notebook, eles recebiam as rotas via whatsapp, meu irmão fazia o cálculo da cobrança via Google Maps, os motoristas ganhavam um papel com a rota. Ao voltarem, nos pagavam a porcentagem”, destaca Aline, filha de Alvimar Landim.
O boca a boca fez a JaUbra crescer, foi quando ela decidiu largar tudo e entrar de cabeça no projeto. “Foram 8 meses trabalhando com papelzinho. Então saí do meu emprego e com o dinheiro da rescisão vi um potencial de investir na empresa. Hoje, estamos preparando nosso app próprio”, comemora a empresária.
A JaUbra atua através de um app terceirizado e já consegue atender toda a Brasilândia, que constitui 41 bairros, além de regiões próximas. Mas a intenção é expandir para novos bairros e comunidades da Zona Leste e Sul de São Paulo e, mais tarde, outros estados que já procuraram o serviço. “Esta é a realidade de muitas comunidades e periferias do Brasil inteiro. Infelizmente, alguns locais acabam levando essa conotação de perigosos, por isso, queremos levar essa igualdade. Os motoristas, sendo locais, sabem como lidar no seu bairro. É um app da comunidade, feito para a comunidade. Nosso foco é atender as regiões que os outros não querem atender”, reitera.
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Atualmente, são 70 motoristas trabalhando, porém, uma fila de mais de 400 cadastros está aguardando liberação. Aline conta que tem contato, pessoalmente, com todos os motoristas, “a confiança é muito grande. Cobramos uma taxa mais baixa em relação a outros aplicativos, o que faz o lucro deles aumentar. Já para os passageiros, o valor da corrida é semelhante ao Uber e 99”, explica.
Impacto social
Com um projeto deste porte, o impacto social é inevitável. Hoje, 80% dos clientes da JaUbra são mulheres. “O feedback do sexo feminino é maravilhoso, recebemos agradecimentos diários por estarmos ajudando não só em momentos do dia a dia, como ir ao supermercado e hospitais, mas também pela segurança que passamos para estas passageiras”, conta a empresária.
Aline acredita que a grande chave do trabalho que a JaUbra faz é levar igualdade para todos. “Não é porque você mora em regiões afastadas que não tem o direito de ir e vir. A gente recebeu relatos de pessoas que não saíam porque não tinham opção de transporte, pois às vezes, até mesmo o público é ruim”, diz. Além disso, pai e filha comemoram o fato de que a startup faz rodar a economia dentro da comunidade. “Nós geramos empregos e renda no bairro, fazemos com que o dinheiro fique aqui na região, isso é muito importante”.
Aline Landim finaliza dando uma dica para futuros empreendedores: “Nós vimos na dificuldade uma grande oportunidade. Não tínhamos nenhum tipo de capital para investimento e começamos com um notebook e um celular. Acabamos enxergando que para empreender, você não precisa de muita coisa: é ter criatividade, força de vontade, fé e muita garra”.