Duas empreendedoras criaram empresas que usam inteligência artificial para atacar um problema que cresce a cada ano no mundo: os distúrbios mentais. Alison Darcy e April Koh encabeçam as startups americanas Woebot e Spring Health, respectivamente.
O Woebot usa chatbot no tratamento de transtornos do humor, como depressão e ansiedade. A Spring Health é uma plataforma digital de saúde mental, dedicada a empresas que desejam oferecer o benefício do tratamento a seus empregados.
Com suas empresas, Alison e April querem produzir impacto sobre alguns números alarmantes. Nos Estados Unidos, um em cada cinco adultos padece de um distúrbio mental. São 44,7 milhões de pessoas com problemas, segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental, e apenas metade desse contingente recebe algum tipo de tratamento.
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“A inteligência artificial ajuda as pessoas, não as substitui”
Em outras partes do mundo, a situação também preocupa. No Brasil, por exemplo, relatório da Organização Mundial de Saúde aponta que 18,6 milhões de pessoas têm ansiedade, o que representa 9,3% da população, e 5,8% dos residentes no país, ou 11,5 milhões de pessoas, enfrentam a depressão.
A psicóloga Alison Darcy fazia pesquisa clínica em Stanford. Deixou o desenvolvimento de tratamentos tradicionais para criar a startup Woebot ao lado de especialistas em inteligência artificial. O chatbot Woebot oferece uma versão guiada da terapia cognitivo-comportamental por Facebook Messenger ou apps em dispositivos móveis com os sistemas operacionais iOS ou Android.
Diariamente, o robô conversa com o paciente para saber como ele está se sentindo e que pensamentos negativos estão passando por sua cabeça, usando essas informações para entender o humor e traçar padrões de comportamento. Dependendo do estado da pessoa, o chatbot fala com ela sobre saúde mental e bem-estar, envia vídeos e ensina técnicas que podem ajudá-la a superar as adversidades.
Concebido inicialmente para jovens adultos na faixa entre 18 e 28 anos, a ferramenta da Woebot tem sido usada por pessoas de todas as idades.
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Gratuita até o momento e disponível apenas em inglês, a ferramenta tem a vantagem de não exigir nenhum aprendizado para seu uso. Tudo funciona como em uma conversa em um programa de mensagens.
“Woebot oferece uma experiência terapêutica para aqueles que, de outra maneira, não a teriam, sejam por qual motivo for”, disse ela à The Longevity Network.
Segundo revelou à Business Insider, a ferramenta não é um substituto aos tratamentos tradicionais, e sim parte de um ecossistema no qual as pessoas têm a chance de decidir sobre como querem fazer sua jornada de saúde mental e quando devem buscar cuidados intensivos por meio de uma terapia convencional.
O objetivo da Spring Health, criada por April Koh, é integrar os cuidados com a saúde mental na lista de benefícios oferecidos por empregadores e empresas. Segundo a American Journal of Psychiatry, os problemas de saúde mental de empregados custam às empresas US$ 193 bilhões por ano.
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A plataforma digital desenvolvida pela empresa usa algoritmos de aprendizado de máquina para encontrar o tratamento adequado para cada paciente e prestar assistência virtual com a ajuda de profissionais.
Para começar a usar a plataforma, o paciente preenche um questionário digital sobre sua saúde mental. A análise dessas respostas gera um relatório personalizado. De posse dessa avaliação, ele pode solicitar a ajuda de um profissional da rede interna da Spring Health ou buscar tratamento externo. No primeiro caso, tem à disposição profissionais de todo o território americano, já que as sessões são realizadas virtualmente por vídeo.
Esta foi a maneira que a empresa encontrou de facilitar o acesso de empregados e membros de suas famílias a cuidados médicos e encurtar o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento.
“A indústria é incrivelmente opaca, então você pesquisa no Google sobre um terapeuta ou psiquiatra e vê uma lista estática de provedores com números de telefones, e eles podem ou não receber sua ligação”, diz April.
Segundo ela, o estigma das doenças mentais vem decaindo e os empregadores se sentem mais confortáveis em trazer ferramentas e soluções que podem ajudar seus funcionários a tornarem-se mentalmente mais resilientes.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”