Fintechs e grupos empresariais têm visto os fundos como uma maneira de se capitalizarem e atravessarem esse momento de dificuldade com o menor dano possível a suas operações. Motivo: gestores continuam perseguindo retornos maiores com a diversificação de investimentos, frente aos pesados cortes da taxa Selic. Segundo a administradora de fundos BRL Trust, a busca por estruturação de fundos alternativos (fundos de investimento em recebíveis, imobiliários e de investimento em participações) tem se mantido ativa na crise e a expectativa é de que o ritmo perdure até o fim do ano.
A casa, que tem a maior parte dos R$ 96 bilhões em ativos sob administração em fundos de investimento em participações (FIP), tem mandato para a estruturação de cerca de 70 outros fundos até o fim do ano. Em sua maioria, serão fundos de investimento em direitos creditórios (FDICs). Os FIDCs são muito utilizados para captação de recursos para giro de negócios pelas empresas, que cedem ao fundo títulos de recebimentos futuros. No caso das fintechs de crédito, os recebíveis são provenientes de empréstimos que essas plataformas fazem.
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Fundos de recebíveis migraram a áreas menos afetadas pela crise
O diretor da BRL Trust, Danilo Barbieri, diz que os FIDCs sentiram o baque da crise por terem ficado no olho do furacão. No entanto, essa indústria conseguiu administrar bem os desafios, reposicionando carteiras para reduzir impacto de inadimplência, diz ele. Como exemplo, migraram para setores que sofrem menos como alimentos e e-commerce. Segundo Barbieri, o interesse pela estruturação de FIDCs de fintechs, que já se mostrava crescente, segue aumentando, assim como os de grupos empresariais para dar liquidez às subsidiárias com menor caixa e também para manter viáveis seus fornecedores.
Até maio, os fundos alternativos somavam R$ 628 bilhões, de acordo com dados da Anbima, sendo R$ 184 bilhões em FIDCs, R$ 309 bilhões em FIPs e R$ 134 bilhões em fundos imobiliários. Barbieri diz que, com a necessidade de remunerar recursos no ambiente de juros baixos, os fundos alternativos continuarão se destacando ao longo dos próximos anos, apesar desse período de turbulência. “Os fundos alternativos podem chegar a somar R$ 1 trilhão em captações em dois a três anos, mantendo os níveis de crescimento de entre 30% a 40% ao ano”, afirma.
Para o futuro, fundos voltados a infraestrutura e crédito podre devem ter alta
Para os FIPs, Barbieri diz que a tendência, daqui em diante, deve ser de fundos voltados a infraestrutura, dado o encolhimento na oferta de outras linhas de crédito. Também haverá espaço àqueles constituídos para investimentos em carteiras de ativos problemáticos, ou distress. Nessas duas categorias, a expectativa é de atração de grandes investidores estrangeiros.
Fonte: “Estadão”