Pesquisa da Robert Half, empresa de recrutamento e seleção de cargos de média e alta gerência, mostra que quase 60% dos recrutadores têm enfrentado algum nível de dificuldade para encontrar profissionais qualificados. Destes, 46% avaliam a tarefa como difícil e 13% a classificam como muito difícil. E, nos próximos seis meses, 69% dos entrevistados acham que a situação estará igual.
A pesquisa, que traz um recorte com perguntas sugeridas pelo G1, mostra ainda que 69% dos entrevistados não contrataram profissionais com mais de 50 anos em 2019. O principal fator são os altos salários.
A pesquisa foi realizada entre 2 de julho e 2 de agosto.
Os dados fazem parte da 9ª edição do Índice de Confiança Robert Half, estudo trimestral que mapeia o sentimento dos profissionais qualificados com relação ao mercado de trabalho atual e futuro.
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Veja abaixo os resultados da pesquisa:
Contratar profissionais qualificados hoje está:
Difícil: 46%
Normal: 20%
Muito difícil: 13%
Fácil: 17%
Muito fácil: 4%
Nos próximos 6 meses, você acredita que contratar profissionais qualificados estará:
Igual: 69%
Um pouco mais difícil: 18%
Um pouco mais fácil: 7%
Muito mais difícil: 4%
Muito mais fácil: 2%
Quais são as três habilidades mais observadas ao recrutar para funções plenas e sêniores?
Trabalho em equipe/relacionamento interpessoal: 50%
Experiência: 48%
Pró-atividade: 40%
Boa comunicação: 32%
Olhar estratégico: 32%
Postura de dono: 28%
Flexibilidade: 22%
Habilidade de negociação: 19%
Perfil empreendedor: 13%
Estabilidade: 7%
Inglês: 6%
Outro: 2%
Você contratou um profissional sênior (+50 anos) em 2019?
Não: 69%
Sim: 31%
Quais os principais benefícios de contratar um profissional sênior (+50 anos)? Pode marcar mais de uma opção.
Experiência/bagagem corporativa: 86%
Conhecimento: 66%
Resiliência/inteligência emocional: 43%
Contribuição para a diversidade da organização: 30%
Outro: 2%
Quais os receios de contratar um profissional sênior (+50 anos)? Pode marcar mais de uma opção.
Alto salário: 31%
Não há receio: 21%
Pouca flexibilidade: 18%
Profissional desatualizado: 12%
Ampliar o conflito de gerações no ambiente de trabalho: 7%
Outro: 13%
Excesso de mão de obra sem qualificação
De acordo com Leonardo Berto, gerente de recrutamento da Robert Half, existe um excesso de mão de obra sem qualificação e ao mesmo tempo falta de mão de obra especializada. “Profissionais que trabalham em funções operacionais, como aqueles ligados à construção civil, setor automotivo, indústria e infraestrutura, foram os mais impactados pelo momento econômico ruim”, analisa.
Por outro lado, segundo ele, as empresas sentem falta de profissionais especializados, principalmente quando se trata do domínio de novas tecnologias e de educação continuada, ou seja, o aprofundamento em determinada área, fluência em outro idioma, certificações e desenvolvimento técnico e pessoal dentro da carreira.
Questionado sobre como os recrutadores lidam com o excesso de mão de obra causado pelo alto índice de desemprego atual e ao mesmo tempo com a falta de mão de obra especializada, ele afirma que uma saída utilizada pelas empresas é identificar profissionais com um perfil aproximado ao da vaga aberta e trabalhar no desenvolvimento das competências que faltam.
“É claro que isso demanda tempo e investimento da organização, que deve estar disposta a treinar o profissional. Além disso, existem posições nas quais não é aplicável, pois determinadas competências específicas são essenciais”, explica.
Apesar de a pesquisa mostrar o alto índice de recrutadores que não contrataram profissionais com mais de 50 anos neste ano, Berto afirma que o aproveitamento de profissionais sêniores tem sido sim uma das alternativas encontradas pelas empresas para suprir a lacuna de mão de obra especializada.
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“Já vemos essa tendência aplicada nas empresas, que estão abrindo espaço para profissionais com 50 anos ou mais. Existem muitas pessoas altamente qualificadas nessa faixa etária, e as empresas estão aproveitando sua maturidade e resiliência. O receio das empresas fica por conta dos altos salários, a possível falta de atualização ou adaptação ao modelo e cultura da companhia”, diz.
Berto afirma que, para ajudar na sua reinserção no mercado, muitos profissionais sêniores estão optando por trabalhar por projeto. “Assim, a empresa utiliza o conhecimento técnico e comportamental desse profissional e eles podem aproveitar a oportunidade como uma porta de entrada para reingresso no mercado de trabalho.”
Questionado se as empresas estão adequando o orçamento, com redução nas remunerações, por causa do cenário econômico incerto, Berto diz que esse cenário já passou. “O momento de cortes e redução de salários e cargos aconteceu em 2014, 2015 e 2016. Hoje, o cenário das empresas é de estabilidade de cargos, com tendência de crescimento em setores e carreiras específicos, como posições ligadas à área de tecnologia, engenharia, marketing digital e supply chain, por exemplo”, afirma.
Fonte: “G1”