Uma reunião na próxima quinta-feira com líderes de PP, DEM, PRB, Solidariedade, PSC e PR deve definir o destino que os partidos vão seguir na eleição presidencial. Apesar de o discurso oficial, mantido há meses, sustentar que o bloco vai caminhar junto, a união está perto de terminar. Há divergências sobre qual pré-candidato receberá apoio — Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) ou Alvaro Dias (Podemos) —, o que deve ser determinante para o rompimento. O PR, mais descolado, está próximo de Jair Bolsonaro (PSL).
As seis legendas têm, juntas, 174 deputados, um financiamento eleitoral superior a R$ 650 milhões e quase um terço do tempo da propaganda eleitoral gratuita na televisão. A possibilidade de usar esta força em conjunto para influenciar um futuro governo, no entanto, esbarra em divergências internas.
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— O que nos une à possibilidade de formarmos um bloco de mais de 200 parlamentares no ano que vem, podendo escolher o presidente da Câmara e tirar o controle do poder de PSDB, MDB e PT, que tiveram o comando da política desde a redemocratização. O que nos divide é a escolha de um candidato nestas eleições — disse o presidente de um dos partidos.
Uma tentativa de manter o bloco unido foi a filiação do empresário Josué Gomes, filho do ex-presidente José Alencar, ao PR. Ele era visto como um possível vice, mas pesquisas mostraram que Gomes tinha pouca viabilidade eleitoral.
Nas últimas duas semanas, as legendas aumentaram a frequência das conversas, analisaram uma pesquisa encomendada pelo DEM e passaram a consultar as bases para discutir o melhor rumo para a disputa presidencial, mas não conseguiram unidade. Um integrante do grupo pondera que, mesmo que haja apoio formal, a sustentação interna não será unânime:
— Nenhum partido vai ter unanimidade. Tem que deixar os arranjos nos estados soltos. Nenhum partido vai entregar 100% da sua base. Todos os candidatos sabem que não terão apoio integral.
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JANTAR COM TUCANO
O presidente de um dos partidos do grupo disse que parte do bloco está mais inclinada a apoiar Ciro Gomes, que teria mais chances de vitória, mas há resistências, principalmente, no PRB e no PSC. O pedetista é próximo da cúpula do DEM, mas a base prefere Alckmin ou Alvaro Dias.
Solidariedade e PP rejeitam a aliança com Alckmin e, por consequência, estão mais próximos de Ciro. Já o tucano terá uma chance para atrair os partidos do bloco amanhã, em um jantar em Brasília.
Fonte: “O Globo”