O Brasil tem mais de 300 empresas juniores espalhadas em 18 estados. A informação é do presidente executivo da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), Jairo Martins. O executivo estima que existam mais de 3 mil projetos de negócios em desenvolvimento nas universidades, abrangendo cerca de 11 mil alunos. Mesmo diante de todo esse potencial, ele lembra que não existe uma política oficial do Ministério da Educação (MEC) voltado para a inserção do ensino de gestão e empreendedorismo nos cursos de graduação do país. “Há uma movimentação silenciosa nas escolas públicas e privadas. O que falta é um estímulo institucional.”
Na falta do apoio institucional, o presidente da FNQ aposta na realização de palestras e aulas para disseminar os princípios de gestão e empreendedorismo nas universidades. Os projetos de conclusão são outra forma de colocar os estudantes em contato com essas ideias, segundo Martins. “Os trabalhos de graduação são excelentes pontes entre teoria e prática”, enfatiza.
Leia a entrevista completa!
Instituto Millenium: Qual é a importância do ensino de empreendedorismo nas universidades?
Jairo Martins: O ensino de empreendedorismo é uma lacuna que ainda precisa ser preenchida pelas universidades brasileiras. Os alunos precisam sair das universidades preparados para abrir o próprio negócio. Essa é uma necessidade atual. A meu ver, uma das saídas para a crise que o país atravessa é o empreendedorismo e as universidades deveriam estar preparando os alunos para empreender.
Imil: O que pode ser feito para melhorar o aprendizado de gestão nas universidades? Como a FNQ tem ajudado nesse sentido?
Martins: A nossa missão é disseminar o modelo de excelência em gestão. A FNQ sempre atuou nas empresas, a gente oferece capacitação. O aprendizado de gestão deveria fazer parte do currículo dos cursos de graduação. No entanto, o Ministério da Educação não é tão flexível no que diz respeito à inclusão de matérias nos currículos. A FNQ tem procurado parcerias com universidades para realização de palestras e aulas extracurriculares voltadas para a disseminação do tema. Outra iniciativa são os nossos Núcleos de Estudo e Conhecimento. A gente esta formatando um novo núcleo, chamado Núcleo Jovem Gestor, o objetivo é a capacitação específica para startups desde a sua criação. As empresas buscam a FNQ quando precisam melhorar a gestão, decidimos inverter essa lógica. Por que não começar da forma certa?
Imil: O senhor tem uma estimativa do número de empresas juniores nas universidades brasileiras?
Martins:Temos mais de 300 empresas juniores espalhadas em 18 estados. Elas abrangem cerca 11 mil empresários juniores. Diria que existem mais de 3 mil projetos de estudantes universitários sendo tocados por ano. Já que não existe algo oficial do Ministério da Educação em relação a isso, essas iniciativas ajudam a cobrir essa lacuna. A gente procura dar apoio, oferecendo palestras sobre o modelo de gestão e reuniões com representantes das empresas juniores, através do núcleo da Rede Brasileira de Qualidade e Produtividade.
Imil: As universidades privadas são mais abertas a esse tipo de aprendizado? Por quê?
Martins: Muitas iniciativas também estão nas universidades públicas. Há pouco tempo visitei as empresas juniores da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no campus de Marília, e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Há uma movimentação silenciosa nas escolas públicas e privadas, mas isso precisa virar uma política do Ministério da Educação.
Imil: O senhor acha que os projetos de conclusão de curso das universidades poderiam ser mais bem aproveitados. Eles podem ser uma ponte para a entrada dos estudantes no mercado? Os alunos tem noção que a pesquisa desenvolvida pode impactar na carreira deles fora da universidade?
Martins: Os trabalhos de graduação são excelentes pontes entre teoria e prática. Eles são importantes ferramentas para o desenvolvimento do viés empreendedor. Isso precisa ser enfatizado. A gente colocou o nosso modelo de gestão à disposição dos estudantes das universidades com as quais nos relacionamos para utilização nos trabalhos de conclusão de curso. Também colocamos os nossos especialistas para serem orientadores desses trabalhos. Os alunos têm muitas ideias criativas. O que falta é um estímulo institucional.
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