As entidades médicas condenaram o anúncio feito pelo Ministério da Saúde de contratação de profissionais cubanos. Para o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB), a medida é eleitoreira, numa alusão à possível candidatura do ministro Alexandre Padilha ao governo de São Paulo em 2014.
“É muito triste que, numa área social importante, o foco de ação seja uma candidatura. Ver que medidas são tomadas para angariar votos”, disse Florentino Cardoso, presidente da AMB.
Em nota, o CFM afirmou que “o Brasil entra perigosamente no território da pseudo-assistência calcada em evidentes interesses pessoais e político-eleitorais”. “De forma autoritária e demagógica, em nome de soluções simplificadas para problemas complexos, o governo, preocupado com marcas de gestão de olhos numa possível candidatura, rasgou a lei e assume a responsabilidade por todos os problemas decorrentes de seu ato demagógico e midiático”, afirma o CFM.
Cardoso disse que AMB deverá analisar como contestar a medida na Jusitça. Na avaliação dos CFM, ao permitir a vinda de médicos cubanos sem a revalidação de seus diplomas e sem comprovação de domínio do português, o governo “desrespeita a legislação, fere os direitos humanos e coloca em risco a saúde dos brasileiros, especialmente das áreas mais pobres e distantes”.
No Congresso, a oposição também criticou a decisão. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), disse que governo usará esses médicos como cabos eleitorais: “Esses quatro mil cubanos que estão sendo contrabandeados serão cabos eleitorais do PT no interior”, afirmou.
“Esse programa está equivocado. É um tapa-buracos. É preciso dar estrutura para o sistema de saúde funcionar”, disse o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Já o presidente da Comissão de Seguridade Social da Câmara, Doutor Rosinha (PT-PR), elogiou a decisão do governo: “O Ministério da Saúde agiu corretamente. A população não pode ficar sem atendimento. Muitos desses cubanos trabalharam em países da África e conhecem o português”.
Fonte: O Globo
Os médicos cubanos serão recebidos com festa pelas populações das cidades para onde os médicos brasileiros não querem ir.