A retomada do crescimento do mercado imobiliário, após uma situação de crise econômica, tem sido noticiada e discutida. Mas o setor de fato está começando a deslanchar? Para entender melhor e debater o tema, o Instituto Millenium conversou com o economista Luiz Roberto Calado. Ouça o podcast!
Ainda que o economista reconheça o crescimento no setor, é preciso mais cautela e menos euforia para analisar os números, já que a retomada está sendo feita após três meses de demanda praticamente nula de compra e vendas.
“A demanda zerou com a crise sanitária e agora melhorou um pouquinho, então ficamos com impressão que o mercado está aquecido, mas todas as vendas que não ocorreram, não ocorreram, foi uma demanda perdida. Eu não sinto que o mercado imobiliário está aquecido, mas melhorou na comparação com a situação que estava muito ruim”, explicou.
Outro fator que gera sensação de crescimento e aquecimento no mercado é o aumento da procura por imóveis na praia ou no interior, que veio como reflexo da reclusão por causa da pandemia. Mas o especialista alerta, no entanto, que o aumento nas buscas não significa aumento nas compras.
“Em algumas conversas com corretores, fica claro que a demanda aumentou em regiões que não eram demandadas. Mas em relação ao fechamento de negócios, não existem dados para corroborar essa tese. As pessoas estão vendo mais casas na praia ou no interior, casas grandes, entre familiares. Sabemos que está acontecendo, mas não existe um número ou estatística para afirmar isso”, destacou.
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Os números estão de fato melhores quando olhamos para imóveis mais baratos, já que a crise sanitária e o aumento no desemprego obrigaram muitas pessoas a reduzir gastos.
“Imóveis mais baratos são o foco, mas não a retomada não está acelerada, estamos muito abaixo da velocidade permitida. Por exemplo, se a velocidade permitida é 60 km/h, estamos andando a 25 km/h. Ainda há um espaço grande para evoluir, mas como o desemprego está alto, existem restrições para conseguirmos aumentar a velocidade”, disse.
Perspectivas para próximos meses
Embora com muitas ressalvas em relação às expectativas de crescimento anunciado, especialmente ainda para esse ano de 2020, Calado faz uma leitura otimista do cenário.
“A perspectiva é que a demanda volte, mas ainda muito abaixo do esperado e desejado. Vai melhor, mas longe do que poderia ser se não tivesse acontecido essa situação toda. Já vemos no mercado de materiais de construção a pressão inflacionária, a coisa está se movimentado. Isso é o que chamamos de indicadores antecedentes. Ou seja, se o material de construção começa a ficar mais caro, é porque a demanda está começando a aparecer”, afirmou.
Investimentos
Para quem busca saber quais os investimentos mais rentáveis para o esse momento do mercado imobiliário, o economista indica diversificar. “A recomendação é fundo de investimento imobiliário, de repente apostando numa retomada dos shoppings, que tiveram uma queda grande no valor das cotas, seria uma dica” finalizou.
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