Especialistas criticam o novo aporte do governo, de R$ 30 bilhões, no BNDES, anunciado na terça-feira pelo ministro Guido Mantega.
O economista Gabriel Leal de Barros, especialista em contas públicas da Fundação Getulio Vargas, destaca que, do ponto de vista fiscal a medida é considerada ruim, pois aumenta o endividamento do governo.
Ele lembra que, desde a crise de 2009, houve uma mudança nas fontes de financiamento do banco, que eram, na maior parte, de recursos próprios e captação no mercado:
— Hoje, essa relação se inverteu e o dinheiro transferido pelo Tesouro é muito mais relevante do que as outras fontes, o BNDES virou o banco do Tesouro. Isso gera pressão sobre a dívida pública, num momento em que não há espaço fiscal para isso. Mas, se o Tesouro não repassar, o BNDES não pode tocar os projetos, não se pode fazer omelete sem quebrar os ovos.
Sem data para o aporte
A professora Margarida Gutierrez, da Coppead-UFRJ, considera R$ 30 bilhões um valor muito elevado e diz que os repasses funcionam como uma “forma tupiniquim de o governo emitir moeda”:
— É o tipo de medida que precisa ser evitada. Quando feita por meio de aumento de capital do governo no banco, o Tesouro capta o recurso e dá ao BNDES, mas depois obriga o banco a pagar mais dividendos ao governo, é quase uma emissão de moeda feita sem nenhuma restrição orçamentária. Dizem que vão financiar investimento, mas o investimento não aumenta.
O Ministério da Fazenda ainda não decidiu como será o aporte de R$ 30 bilhões ao BNDES, nem a data. O banco tem pressa para a liberação do dinheiro e espera que seja até o fim do mês. Mas, no governo, o clima não é de celeridade para evitar o desgaste de mais um aumento do endividamento bruto do governo.
Com ele, o total repassado ao banco oficial nos últimos cinco anos para aumentar sua capacidade de emprestar chegará a R$ 349 bilhões. Foram R$ 100 bilhões em 2009, R$ 80 bilhões em 2010, R$ 45 bilhões em 2011, R$ 55 bilhões em 2009 e mais R$ 39 bilhões no ano passado.
Fonte: O Globo
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